sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Projeto reutiliza água servida para irrigação no semiárido potiguar

Projeto de reutilização já beneficia moradores do projeto de assentamento Monte Alegre I, em Upanema (Foto: Camila Paula Silvestre/ Centro Feminista 08 de Março)
Projeto de reutilização já beneficia moradores do projeto de assentamento Monte Alegre I, em Upanema (Foto: Camila Paula Silvestre/ Centro Feminista 08 de Março)
A ideia é simples: reutilizar a água servida na irrigação de frutas e hortaliças. Foi partindo deste conceito de reuso de água que o projeto ‘Água Viva: Mulheres e o redesenho da vida no semiárido do Rio Grande do Norte’, desenvolvido pelo Centro Feminista 08 de Março (CF8), localizado em Mossoró, em parceria com a Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa), investiu na construção de tecnologias sociais para a filtragem de água para melhorar o funcionamento da irrigação no assentamento Monte Alegre I, localizado na zona rural do município de Upanema, na região Oeste do estado.

O projeto foi anunciado na última quinta-feira (9) como um dos três finalistas do ‘Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologias Sociais’ na categoria ‘Mulheres’. Caso saia vencedor, o projeto receberá uma premiação no valor de R$ 50 mil.
De acordo com Camila Silvestre, assessora de comunicação do Centro Feminista, o projeto é desenvolvido desde 2013. “O projeto nasceu a partir da própria necessidade, em virtude da falta de água”, explicou Camila. Ainda de acordo com a assessora, o projeto começou a ser desenvolvido a partir do financiamento conseguido junto ao EuropeAid, iniciativa de cooperação ao desenvolvimento internacional da União Europeia, voltada ao combate da pobreza no mundo.

“Inscrevemos o projeto sob o nome ‘Do quintal ao mar’. O projeto inscrito no edital tinha a proposta de trabalhar com mulheres rurais e semiurbanas, voltado para a inclusão da mulher no meio produtivo e consequentemente a obtenção de autonomia financeira. O Água Viva se encaixou neste perfil”, completou Camila.

Cada filtro funciona da seguinte maneira: Tubos são instalados nas residências, captando a água servida, utilizada na lavagem de roupas, louça e da casa, e enviando para uma caixa de passagem. De lá, a ‘água cinza’ segue para um tanque séptico, aonde começa o processo de filtragem. A água passa ainda por um filtro orgânico, até chegar ao reservatório. Deste último ponto, a água é liberada para o sistema de aplicação por meio de uma bomba manual, sendo utilizado na agricultura de gotejamento.

A coordenadora afirma que em caso de vitória, todo o dinheiro da premiação será revertido para a replicação dos filtros. “Nosso objetivo é auto-organizar mulheres por todo o Rio Grande do Norte. Nossa intenção é continuar replicando esta tecnologia para dar mais autonomia financeira, por meio da agricultura, a estas mulheres e melhorar a convivência das comunidades com o semiárido e a seca”, finalizou a coordenadora geral do projeto.
Esquema gráfico do sistema de filtragem (Foto: Divulgação/ CF08)
Esquema gráfico do sistema de filtragem desenvolvido pelo projeto ‘Água Viva’ (Foto: Divulgação/ CF08)
Iniciativa popular
Segundo Conceição Dantas, coordenadora geral do Centro Feminista, durante todo o processo de construção do projeto, as mulheres atendidas pelo centro participaram das decisões. “Nosso objetivo é auto-organizar as mulheres e não impor algo. A ideia de reutilizar a ‘água cinza’, usada na lavagem de louça, das roupas e de casa, surgiu do grupo de mulheres do assentamento Monte Alegre I, é uma iniciativa popular”, disse a coordenadora.

A partir da ideia, agrônomas do CF8 e pesquisadores da Ufersa realizaram testes práticos e laboratoriais até concluírem uma tecnologia social capaz de tornar a água filtrada mais adequada para o plantio. Ainda de acordo com Conceição, três unidades dos filtros já foram instalados no projeto de assentamento Monte Alegre I, beneficiando cerca de 30 moradores da localidade.
Fonte: G1

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