LEITOR: LUIZ HENRIQUE

       Caro Jander Freire, gostaria de principiar minha resposta acerca do que penso sobre idolatria utilizando as palavras do pastor Geraldo Carneiro da Assembléia de Deus de Cascavel. Segundo ele:“Ser idólatra não significa apenas adorar uma imagem de escultura; mas também reverenciar o próprio eu, um objeto, uma pessoa ou qualquer coisa que tente anular o dever de o homem cultuar a Deus. Por isso, os cantores e pregadores não devem ser adorados, pois isto é uma forma velada de idolatria, que é condenada por Deus. (...) Tudo aquilo que o homem ama mais do que a Deus, torna-se o seu deus, incluindo aí a avareza. (Pastor Geraldo Carneiro Filho – Assembleia de Deus de Cascavel) Fonte: http://www.adcascavel.com.br/escola.php?page=269.

        Concordo plenamente com o pastor Geraldo Carneiro acerca do que é idolatria, pois substituir Deus por outra coisa seria transgressão do primeiro mandamento do decálogo: “Amar a Deus sobre todas as coisas”. De fato, infelizmente existem muitos idólatras no mundo, justamente porque não dão a Deus o lugar que lhe é devido. Ser idólatra é amar e adorar algo mais do que a Deus. Mas, não entendo por que muitos protestantes acusam os cristãos católicos de idolatria. Acaso, nós católicos, substituímos nosso Deus por alguém ou alguma coisa? O nosso culto, a Santa Missa, é memorial da vida morte e ressurreição de Jesus, onde partilhamos a Eucaristia: corpo e sangue de Cristo entregue por Ele mesmo na última ceia e que Ele mandou fazer em sua memória. Adoramos a Jesus na Eucaristia, pois cremos que a Palavra de Cristo não é falsa. Como podemos ser idólatras? Será por causa dos santos da Igreja? De forma nenhuma. Esse argumento seria válido para aqueles que nunca foram católicos e que não tem conhecimento da nossa fé. Os santos são adoradores do Deus vivo, são testemunhas de Jesus, que uniram suas vidas a dele e hoje estão recebendo a coroa da glória. O próprio Senhor disse ao bom ladrão: “ainda hoje estarás comigo no paraíso” e no apocalipse João, preso na ilha de Patmos tem a visão daqueles que lavaram suas vestes no sangue do cordeiro e hoje, com palmas de vitória nas mãos, louvam ao cordeiro. Como não lembrar das testemunhas do Senhor? Eles não são deuses e nunca serão! Eles não são postos no lugar da Trindade Santíssima e somente um ignorante da fé católica pensaria assim.

       Reli, em atenção ao seu pedido, os trechos bíblicos de: Êxodo 20:4-5, Isaias 42:8, I Timóteo 2:5 e Hebreus 7:22-26. Realmente a Palavra de Deus é belíssima, mas tais trechos isoladamente não fornecem conteúdo bastante para falar de idolatria, pois na nossa Igreja Católica, costumamos dizer que texto sem contexto é pretexto de heresia! Sem falar que com tudo isso só iremos cair em um fundamentalismo sem sentido (que destarte tratarei). É interessante perceber que quando Deus proibiu o homem de fabricar para si imagens de escultura (Ex. 20, 4-5), falou de forma literária mesmo. Fabricá-las seria quase imitar o próprio Deus, parodiá-lo em sua criação. Os mulçumanos seguem essa ordem estritamente e não reproduzem imagens da criação, como bonecos, animais em miniatura etc. Mas, quando essas imagens servem para enaltecer o próprio Deus, parece que essa ordem entra em cheque. Lembra-se caro irmão, de como era ornado o templo de Jerusalém? Com imagens de querubins enormes, assim também como na parte superior da arca da aliança, onde eram guardadas as tábuas da lei. Mas, o mais interessante é a escultura da serpente de bronze que Moisés levantou no deserto por ordem do próprio Deus a fim de curar o povo do veneno das serpentes, porém, quando o povo quer adorar a serpente, ela é retirada. 

       De fato, o problema da questão não é a escultura, e sim como ela é usada. Na Igreja Católica, os ícones e imagens são utilizados por uma eficácia catequética, onde as figuras representam passagens bíblicas. Tentar através da arte representar a figura de Nosso Senhor Jesus Cristo, é uma forma de criar sinais que nos apontam ara Deus. Semelhante a serpente do deserto no livro do Êxodo. Quando se olha para os sinais, tem-se imediatamente lembrança das coisas divinas. É proibido fazer imagens de Deus Pai, pois ele não é algo que se possa abstrair, por isso, as imagens de Cristo, que é a revelação do Pai, são uma maneira de o povo de Deus manifestar a sua fé, adoração e amor, não na imagem em si, mas no Deus que está no céu. Com relação a questão de Cristo, único mediador entre Deus e os homens (ITm 2, 5), isso é fato. Mas é necessário conceituar teologicamente a palavra intercessor. De fato, o homem pelo pecado de Adão, rompeu com Deus e quebrou a santidade original que o Senhor lhe dera. Somente um sacrifício realmente eficaz, que esta muito distante dos feitos por Abel, Melquisedec, etc., poderia religar o homem novamente a Deus. É por isso que nós chamamos Jesus de redentor, salvador e mediador, pois somente Ele e ninguém mais poderia salvar o mundo e unir de novo Deus e homem através de uma nova árvore da vida, a cruz. Cristo é o único intercessor entre Deus e os homens porque só Ele pode salvar o mundo e ninguém mais. Realmente foi um sacrifício perfeito e santo, Ele que é ao mesmo tempo sacerdote altar e cordeiro imolado pelos homens (Hb 7, 22-26). Assim, Deus nunca cederá seu lugar a um ídolo (Is 42, 8), mas infelizmente vejo muitos protestantes que se dizem cristãos instrumentalizando a Palavra de Deus sem conhecimento para justificar suas próprias esdrúxulas idéias. É o que pregam os teólogos xinfrins da teologia da prosperidade que prometem riquezas e bens em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que em toda sua vida viveu em pobreza e simplicidade. Em nenhum Evangelho, Cristo prometeu riquezas, mas o contrário: “Quem quiser me seguir, toma sua cruz e me siga.” Muitos protestantes, por muito tempo, enganaram o povo simples e sem estudo com seus pobres argumentos de que a Igreja Católica é idólatra, as vezes até chamando-a de babilônia, ou seja, o berço do pecado da desobediência e da idolatria. Sabemos que não é assim e que a Igreja Católica Apostólica Romana foi fundada pelo próprio Deus encarnado, Jesus Cristo. O mesmo afirmou que as forças do inferno nunca prevalecerão sobre ela, pois Ela é santa (por ter sido fundada por Jesus) mas também pecadora (por ser formada de homens). Mas o protestantismo barato e fajuto, usa o nome de Deus para encher seus cofres, afinal foi para isso que ele surgiu: na Inglaterra para tomar o bens doados a Igreja, por Calvino para apoiar ideologicamente a burguesia e o uso da usura. O único inocente nessa história é Lutero, que nunca quis fazer um cisma, mas reformar a Igreja interiormente. Pobre Lutero, com boas intenções, mas mal compreendido. Por fim, digo que a maior idolatria do século é o capitalismo, a busca pelo dinheiro e pelo poder político usando o pretexto de anunciar a Palavra de Deus. Vejam meus irmãos, que enquanto muitos caluniam nossa Santa Igreja com difamações, por inocência ou ignorância, se perdem em meio a busca do lucro. Existem hoje muitos problemas sociais que fazem sofrer muitos de nossos irmãos. Se os cristãos não perdessem tempo com discussões sem sentido e colocassem em prática a Palavra do Evangelho que nos ensina a acolher os pobres e sofredores, com certeza daríamos mais testemunho de batizados em Cristo ao invés de darmos mal exemplo aos demais. Peço em nome de Cristo que os protestantes parem de perseguir e difamar os católicos, pois se somos irmãos em Jesus, ele deseja que nos amemos como Ele nos amou.
Atenciosamente, Luiz Henrique Pereira 

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