domingo, 22 de fevereiro de 2009

Coluna de Marcos Antônio no jornal Correio da Tarde

Para que servem as barragens?

Aqui pelas bandas do Nordeste não temos enfrentado dificuldades com falta de chuvas ultimamente. O contrário é verdadeiro: em anos recentes o "problema" tem sido o excesso de precipitações. Claro que as dificuldades são superadas pela força de nossa gente, que sabe e sente que bem pior é sempre a falta de água. Um alerta até já foi dado pelos técnicos: muitos reservatórios estão com cerca de 80% da capacidade, existindo concreta possibilidade de transbordamento com as chuvas do inverno. Essas informações servem para espantar de uma vez por todas o mito de que não chove no Semi-árido. A alegação foi usada e propagada por décadas, com o objetivo de fazer perpétua a tal indústria da seca. A boa situação de nossas barragens, por outro lado, confirma nossa pouca habilidade para gerenciar os recursos hídricos de que dispomos. Em todos os anos de inverno melhor bilhões de metros cúbicos do "precioso liquido" são desperdiçados. Depois do inverno, a água que fica não é aproveitada. As exceções confirmam a regra. Aqui e ali uma ou outra experiência de utilização dos mananciais pode ser vista. No geral, porém, impera o desperdício. Passados alguns anos, barragens como Umary, em Upanema, e Santa Cruz, em Apodi, ainda não ajudaram a mudar a situação nas regiões em que estão encravadas. Pessoas passam sede a poucos metros dos dois importantes reservatórios. O discurso é de que agora são necessários milhões para viabilização econômica dos reservatórios. E de que precisamos lutar para a obtenção de recursos. E a falta d'água segue...

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