domingo, 21 de janeiro de 2007

Carnaúba gera renda extra para 280 artesãs no Estado

21/01/2007 - Tribuna do Norte
O que há três anos era um pequeno grupo de cinco pessoas, hoje mobiliza 280 artesãs dos municípios de Afonso Bezerra, Apodi, Assu, Ipanguaçu, Itajá, Mossoró, São Rafael e Upanema. Juntas, elas estão incrementando a renda no caminho dos dutos da Petrobras. A empresa está substituindo o revestimento dos tubos, utilizando esteiras de carnaúba impermeabilizadas, serviço que aumentou em cinco vezes os ganhos de quem trabalha com a palmeira.
Antes da carnaúba, era alumínio o material usado para revestir os dutos que levam vapor do Vale do Açu para os campos de exploração de petróleo. O metal atraía ladrões, causando prejuízos para a empresa. Mas, desde 2003, quando começou a trabalhar com o derivado da planta, além de inibir os roubos, a Petrobras passou a ter uma economia de 20% nos custos com o revestimento, que mantém a temperatura interna do tubo e evita acidentes com animais e pessoas que passem perto deles.
Até agora, 34 dos 64 quilômetros de dutos que eram cobertos com alumínio já foram revestidos com esteira de carnaúba, tecida por 280 artesãs reunidas pela ONG Carnaúba Viva, que recebe o material, impermeabiliza e vende para a Petrobras.
De acordo com a coordenadora da organização, Grácia Ramalho, a parceria com a empresa permitiu que as trabalhadoras tivessem um salto nos rendimentos, embora ainda sejam baixos. Quando não trabalhavam com a carnaúba, as artesãs raspavam castanhas, serviço que lhes rendia cerca de R$ 60 por mês. Agora, elas garantem R$ 350 mensais.
Segundo a coordenadora, a maior parte das mulheres mora em assentamentos rurais com as famílias e a criação da ONG foi um marco em suas vidas. “Muitas são chefes de família e esse dinheiro melhorou suas condições visivelmente”, conta Grácia. A história de sucesso do projeto nasceu a partir da idéia de João Batista Dantas, um voluntário do projeto Petrobras Fome Zero, que sugeriu à empresa e a Grácia o aproveitamento da carnaúba para a cobertura dos dutos. Foi então que Grácia e seu marido começaram a se organizar para reunir artesãs. No início, o grupo era de cinco mulheres. Hoje são 280, trabalhando junto com 20 homens que fazem a impermeabilização das esteiras. O treinamento para o serviço foi feito com ajuda do Sebrae RN.
De acordo com a Petrobras, a substituição de alumínio por carnaúba está sendo feita na malha antiga de dutos e deve levar mais três anos para ser concluída. Além disso, como o novo material tem sido bem aceito, as novas redes de tubos são implantadas com a esteira da planta, tanto no RN quanto em Sergipe, onde a Petrobras também trabalha com processamento de vapor.
Apesar desta garantia, Grácia diz que a ONG já está buscando outras fontes de renda a partir da carnaúba, como o artesanato. O trabalho das mulheres na produção de material para revestimento de dutos é destaque nacional e já recebeu os primeiros lugares do Prêmio Finep de Inovação Tecnológica do Nordeste (2005) e do Prêmio Petrobras de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS 2006).

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