sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

NO BLOG OFÍCIO DE PROFESSOR

Escolas de comunidades rurais

Eu vejo muitos professores e pessoas da comunidade defendendo o estudo do aluno de zona rural em sua própria comunidade. Eu sei das boas intenções dessas pessoas que defendem isso. Certamente, isso seria o ideal, se a coisa fosse feita da forma correta.

Mas sei, com conhecimento de causa, o que significa uma escola de zona rural, pelo menos as que estão em nosso município.

Eu já estudei em três escolas rurais e já trabalhei em uma (esta já foi extinta).

A situação das escolas rurais é por demais calamitosa. Isso já é por tradição. Não há mínima estrutura, pois se limitam, quase somente, às salas de aula. Mas isso não é o pior. Existe aquele negócio de os professores chegarem atrasados, pelos mais diversos motivos. Tem aquele negócio de sair mais cedo, pelos mais diversos motivos. Tem aquele negócio do bar com sinuca, bem em frente à escola. Tem aquele negócio de trazer os alunos de comunidades vizinhas para estudarem na comunidade,onde se localiza a escola. Tem a história do meio mundo de dias sem aulas, pelos mais diversos motivos, etc.

Ainda existe aquela realidade de que nunca as escolas rurais irão dispor de todos os recursos existentes nas escolas urbanas. Isso todo mundo sabe. É bem natural.

Eu vejo muitos dizendo que lá (na comunidade rural) o aluno estará perto dos pais. Isso é um tremendo engano! Por exemplo, a escola de Pereiros recebe os alunos de Pereiros (perto dos pais), alunos de Salgado (há 9 Km dos pais), Bom Lugar (em torno de 11 Km dos pais). Essas comunidades mais distantes formam a grande maioria dos alunos. Outro exemplos será a escola de São Manoel, lá virão alunos do Monte Alegre (também com uma boa distância). O que eu quero dizer é que esse problema da distância dos pais será a mesma coisa. Só vejo uma diferença, em relação à cidade, que a menor quantidade de atrações fora da escola. Mas esse problema de atrações é pura falta de vontade para resolver. Bastava fechar os portões da escola e acompanhar esses alunos dispersos, seguido de uma comunicação oficial aos seus responsáveis. Isso resolveria 95% dos casos.

Não quero, com esse texto, criticar ninguém (nem a Administração Pública, nem muito menos, os defensores dessa idéia). O que eu sei é que essas mudanças estão sendo implementadas, porque foram reivindicadas por setores da comunidade, mas eu tenho minha posição formada, com base nesses argumentos, acima elencados.

O certo é que esse processo irá ter continuidade e, certamente, provocará um alívio temporário em muita gente, mas em breve, esse pessoal voltará para a cidade, quando estiver no Ensino Médio, para mais uma vez emperrarem, desta vez no 1º Ano. É isso que vemos acontecer com a grande maioria dos alunos vindos de escolas rurais.

Nota do Upanema News:
Não restam dúvidas sobre os benefícios da escola na comunidade rural. Os vícios citados na matéria de Francisco Gondim não podem ser colocados como inerentes a educação, pois, não são!  São problemas graves criados em nosso sistema que devem ser corrigidos. Muitos até pensam que a escola na zona rural vai servir para esconder mais os problemas da nossa educação, professores faltando, alunos sem aula, reprovação gigantesca e ninguém toma conhecimento na cidade, logo, a educação está boa. 
Caberá a nós o papel de divulgar e cobrar o que de errada venha a acontecer.

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