quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

NA TRIBUNA DO NORTE

Crea constata avarias, mas nega risco


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Os quatro primeiros reservatórios visitados ontem — primeiro dia de inspeções realizadas pelos engenheiros do Crea, Dnocs e Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos — mostram sinais de desgastes acumulados e ocasionados pelos dois últimos anos de bom inverno no interior do Rio Grande do Norte. A constatação preliminar é que a falta de manutenção da estrutura física tem ocasionado pequenas avarias, mas que podem evoluir e comprometer parcialmente alguns desses reservatórios. O diagnóstico assegurado pela equipe, mesmo antes de emitirem um relatório é que “não há risco da barragem Armando Ribeiro Gonçalves romper em decorrência das duas erosões na parte de fora da parede”.

Os engenheiros encontraram erosão nas paredes dos açudes Boqueirão de Angicos (em Angicos) e Mendubim (Assu), ocasionadas pelas fortes chuvas dos anos de 2008 e 2009. Em dimensão bem menor àquelas encontradas na parede da barragem Armando Ribeiro Gonçalves (Assu), mas que segundo o engenheiro civil e consultor em barragens da Semarh, José Mário Borba Gomes de Melo, indicam a necessidade de um trabalho mais freqüente de manutenção.

“Nada muito oneroso, mas que precisa ser feito. É certo que nesses dois últimos anos tivemos um inverno rigoroso, mas é preciso agir para evitar que essas erosões evoluam”, disse José Mário. A fiscalização preventiva integrada vai até o próximo dia 20, quando os técnicos terão vistoriado 22 açudes e barragens considerados os maiores ou os mais “importantes” do Estado.

No açude Boqueirão de Angicos, os engenheiros observaram que em uma das extremidades do sangrador há necessidade de nova intervenção porque a força da água já escavou a base de alvenaria. O local já havia passado, há alguns anos, por intervenção. O Mendubim, açude que antes da instalação da adutora servia de fonte para abastecimento da cidade de Assu, praticamente não apresenta avarias. Quanto à barragem Armando Ribeiro Gonçalves, onde a equipe dedicou mais tempo em suas observações, os técnicos observaram que as duas grandes erosões ocorreram porque as calhas de alvenaria por onde escorre a água da chuva estavam parcialmente entupidas.

“Esse material acumulado fez a água transbordar das calhas e escorrerem sobre o talude da parede, abrindo esses rasgos”, explicou o coordenador técnico do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs), em Assu, João Guilherme. E conclui — “a barragem não vai arrombar, mesmo que o serviço não seja feito antes do inverno”.

João Guilherme afirma que o dinheiro para recuperar a parede da Armando Ribeiro Gonçalves não foi liberado. Mas que o processo continuar tramitando e seria necessário cerca de R$ 400 mil. “Barragens de grande porte, como a Armando Ribeiro e Umari (em Upanema), são frequentemente inspecionadas, segundo assegurou o coordenador do Dnocs. Mas, claro, eventuais problemas de desgaste podem ocorrer e constar em nossos relatórios com pedido de providência”, afirma Guilherme.

Rompimento

O técnico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, José Mário Borba Gomes de Melo, explicou porque essa possibilidade de ruptura está descartada. A parede da “Barragem do Assu”, uma das maiores do Estado com capacidade para armazenar 2,4 bilhões de metros cúbicos, possuem uma espécie de filtro de areia no miolo da estrutura (como se fosse uma caixa de areia), que funciona como um filtro. “Mesmo que a água vazasse para dentro da parede, ela desceria até a base da estrutura e seguia no subsolo. Sequer umedeceria a parede pelo lado de fora”.

Em Umari manutenção já começou

O último reservatório visitado ontem foi a barragem de Umari, onde os engenheiros encontraram empreiteiras contratadas pelo Estado realizando serviço de manutenção em parte da estrutura. Com a última sangria, em 2009, parte do piso localizado no sopé do sangradouro desprendeu. As enormes placas de concreto estavam sendo repostas.

Algumas poucas infiltrações na parte externa da parede chamaram a atenção dos engenheiros. Logo analisaram que seriam decorrentes de um processo natural de infiltração, visto que a barragem tem pouco tempo de sua construção. “Isso é comum e acaba à medida que o carbonato do cimento vai sendo liberado, fechando esses poros”, justificou o engenheiro José Mário.

O relatório final, com as conclusões e ponderações dos engenheiros, deve ficar pronto até o dia 27 deste mês, segundo o engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do RN, segundo o engenheiro Eunélio Silva. Os engenheiros seguem um protocolo em planilha específica para avaliação de reservatórios hídricos, que depois são analisadas pela comissão da inspeção integrada preventiva. A equipe deve visitar hoje os seguintes reservatórios: Santa Cruz do Apodi, Lucrécia, Pau dos Ferros, Apanha Peixe (Caraúbas) e Rodeador (Umarizal).

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