sábado, 12 de dezembro de 2009

CONFIRA A ENTREVISTA DO REITOR DA UFERSA JOSIVAN BARBOSA AO JORNAL DE UPANEMA

Por Silva Jr. Xavier Gondim. Dárcio Régis e Ferrari.

Jornal de Upanema – Qual a relação do senhor com Upanema?
Josivan Barbosa - Upanema para mim é muito familiar porque eu já fui jogador e joguei futebol na seleção de Upanema na década de oitenta. Na época o time de Upanema era um dos times de destaque do interior do Rio Grande do Norte. Por isso sou muito familiarizado e inclusive eu venho muito a Upanema na época do carnaval para casa dos familiares. Eu sou concunhado de Alexandre Freire, filho de Dr. Gileno Freire.

J.U - Qual o objetivo dessa palestra?
J.B - O objetivo dessa palestra é mostrar para os jovens da cidade de Upanema e vizinhança que eles estão tendo uma grande oportunidade de ascensão social através do ingresso em uma universidade federal, e estão perdendo esta oportunidade. Portanto eu mostrei para eles que para qualquer jovem, independente do perfil socioeconômico, ele tem condições de ingressar basta só ele querer, ter força de vontade, ter força que ele vai ingressar. E como eu sou oriundo de uma família muito pobre, acredito muito na ascensão social através da universidade e da educação.

J.U – Esta palestra esta sendo realizada apenas em municípios da região?
J.B - Nós estamos realizando esta palestra em todos os municípios do semi-árido. Lógico que estamos atingido primeiro o do semi-árido do Rio Grande do Norte, mas nós queremos ampliar, já fizemos em todo o interior do Ceará, já fizemos no litoral do Rio Grande do Norte, o próximo município que vamos é Touros. Já estivemos em Grossos e já esta agendada uma para Areia Branca, já fizemos Porto do Mangue, Macau, Campo Grande, Caraúbas, Apodi, Pau dos Ferros, Limoeiro do Norte e vamos ampliar.

J.U - Com relação à barragem de Umari, a UFERSA tem algum projeto ou estudo para ser trabalhado junto a nossa barragem?
J.B - Acredito no potencial da barragem de Umari, para incrementar a agricultura familiar tendo Mossoró como um grande centro consumidor e acredito na água da barragem, no lençol da água como um grande potencial para a pesca de águas interiores. Para isso nós estamos assumindo um compromisso de trazer aqui os nossos técnicos da área de engenharia de pesca, que poderão tranquilamente ter uma proposta de trabalho em parceria com o município e também com o Governo Estadual.

J.U - Upanema é um dos municípios do Estado com o maior número de Projetos de assentamentos rurais. Existe algum projeto da UFERSA sendo desenvolvido nesses assentamentos, com esses agricultores, incentivando o cultivo, apoiando tecnicamente com estudos ou coisa parecida?
J.B - O problema desses assentamentos hoje no estado do Rio Grande do Norte e em todo semi-árido é uma questão muito ampla, porque nós percebemos que nos assentamentos, eles estão instalados, em sua grande maioria, em áreas que não tem água. Então esse é um grande desafio. Vou dar um exemplo do que acontece no assentamento de Eldorado dos Carajás II lá na Maisa. Praticamente você não tem produção hoje. Veja bem, lá estão instaladas mais de 1170, então é um problema muito complexo que a universidade em si e isolada não vai resolver, pode contribuir, mas nós acreditamos que tem de ter um programa nacional direcionado para as questões dos assentamentos do semi-árido, porque foram instalados em áreas extremamente difíceis. Aqui um exemplo é o P.A. de Palheiros III que pertence ao município de Upanema, e mesmo com o apoio da Petrobras, com toda aquela estrutura você ver que não tem condições lá, porque a água quando ela é obtida de poços profundos é uma água cara, o custo de energia é muito elevado, então não compensa, quem é produtor sabe disso. Então há necessidade de um programa bastante amplo e eu acredito que o governo federal através do INCRA tem que entrar com uma ação mais ampla nesse sentido, essa é nossa colocação. Acho que nem a EMPARN nem a EMATER isoladamente, pode até contribuir, mas nem um órgão vai ter condições de dizer, olhe a solução é essa, apontar uma solução. Existe a necessidade de um trabalho, principalmente porque nós sabemos que as pessoas que estão nos assentamento não foram treinadas para ser um micro empreendedor, então esse também é um problema.

J.U - Existe a possibilidade da parceria da prefeitura municipal de Upanema com a UFERSA?
J.B - A proximidade dos dois municípios, a universidade é muito próxima e com esse rio, com essa barragem, e com a deficiência do município na formação de professores nós estamos à disposição do município para parcerias. Nós acreditamos que a universidade pode contribuir muito em várias áreas principalmente em um programa onde nós podemos pegar aquele jovem que estão no nono e no décimo período dos nossos cursos, nas áreas que o município precisa, e esse jovem vir para cá passar seis meses estagiando mas já trazendo benefícios para o município. Então o município de Upanema é um dos municípios mais próximos que a universidade pode firmar parceria. A prefeitura demonstrando interesse, nós sabemos das dificuldades que as prefeituras estão passando, porque há uma dificuldade financeira, mas a universidade pode contribuir para isso ai. Nós podemos montar aqui um projeto, primeiro para conhecer o potencial da barragem, para o cultivo comercial, e estudar toda a cadeia produtiva da tilápia, por exemplo, e outros exemplares de peixes de água doce. Isso que eu coloquei ai é uma questão que pode ser rápida, um projeto desses é um projeto rápido, inclusive agente pode assumir um compromisso de trazer a equipe aqui já para conhecer. Vários não conhecem, pois estão chegando agora, mais a exemplo do que acontece já na barragem de Santa Cruz podemos trazer para aqui um laboratório para o nosso curso de engenharia de pesca.

J.U - Nós gostaríamos de saber o que se pode fazer para cada vez mais incentivar os produtores, talvez através de cursos sobre como usar novas tecnologias, racionalizar a agricultura irrigada, para que essa possa se expandir em nosso município?
J.B - Eu recomendo que o sindicato dos produtores rurais, não precisa nem envolver diretamente a prefeitura, oficialize essa demanda que nós podemos fazer aqui um ciclo de palestras, um dia de palestras aqui no município, e atrair outros municípios como Campo Grande, Caraúbas e em seguida eles poderiam conhecer o potencial da agricultura familiar e da agricultura de médios empresários para que possamos montar aqui experimentos da manga que é um exemplo aqui da região, melão, melancia, mamão também, banana. Então eu acho que o município tem condições, tem um lençol freático interessante que precisa ser aproveitado.

J.U – A UFERSA tem estudos sobre a carnaúba?
J.B - A questão da carnaúba, a cadeia produtiva da carnaúba, como é um produto que está nas mãos de poucos empresários, você tem na região acho que apenas uma empresa que trabalha com exportação de cera, então passa a ser um problema mais comercial do que técnico, porque a tecnologia é bastante conhecida, mas como nós temos um curso onde temos engenheiros químicos e temos um curso a ser implantada agora, a engenharia química, então nós acreditamos que esses profissionais que estamos absorvendo eles poderão ter alternativas para o uso diferenciado da carnaúba, inclusive que nós sabemos que a cera da carnaúba tem muitas utilidades.

J.U - Qual a previsão de novos cursos na UFERSA?
J.B - Temos algumas demandas importantes em Mossoró. Uma é o curso de arquitetura que nós acreditamos que a universidade poderá implantar. Outro curso que nós temos facilidade de implantar é o curso de nutrição, a universidade tem condições de oferecer, com mais poucos profissionais a gente teria condições de oferecer este curso também. Acredito também que a universidade poderá ter condições de oferecer cursos mais voltados para a área do turismo rural dado o potencial da região, então são áreas que a universidade começa a ampliar. Já são vinte e três cursos, e em dois mil e três eram apenas dois.

J.U- Porque o estudante deve escolher a UFERSA?
J.B- A universidade criou uma série de incentivos para manter o estudante carente na universidade, o nosso foco é esse, o jovem do semi-árido oriundo das camadas mais desfavorecidas. Então esse é o foco, claro que lá tem jovens das camadas A e B, mas o foco é a C e D, porque esse é o desafio, é para isso que a universidade pública está criando aquela infra-estrutura e também criando esses incentivos para manter esses estudantes, para ele não se sentir obrigado a ir para o mercado de trabalho e deixar a universidade em segundo plano. A concorrência hoje é baixa para entrar em nossa universidade, ela praticamente reduziu-se pela metade em relação a dois mil e três e em função da ampliação dos cursos. Temos cursos onde a concorrência é menos que dois por vaga.

J.U - Nesses últimos sete anos nós sabemos que todas as cidades do Brasil viraram um canteiro de obras. Partindo para a política, que nota o senhor daria para o governo de Lula?
J.B - Como gestor público eu tenho praticamente a mesma idade do presidente. Eu comecei em janeiro de dois mil e quatro e o presidente Lula em janeiro de dois mil e três, mas eu já era gestor de como pró-reitor, e aqueles oito anos do governo anterior, quando as universidades estiveram em situação financeira muito delicada, onde não houve concurso para professor, não houve ampliação de vagas para os estudantes, isso o governo do presidente Lula conseguiu ampliar e fez mais ainda, toda a demanda reprimida dos oito anos do governo F.H.C, ele assumiu o compromisso e expandiu, e agora amplia as vagas quando ele começa um processo de interiorização da universidade pública através da instalação de novos campus, portanto eu não vi nem uma promessa do Ministro da Educação Fernando Hadad pra não ser realizada e com um diferencial, os recursos vieram antes do tempo prometido. Acredito que será um grande retrocesso para o país se o PSDB assumir esse governo, principalmente na área da educação. Nós acreditamos na expansão da universidade e eu não tinha inicialmente outro formato, a não ser criar os cursos e buscar os recursos, ai foi o diferencial dos governos anteriores que esperaram primeiro pelos recursos para poder criar os cursos, ai a universidade ficou paralisada durante trinta e cinco anos.

J.U - O senhor tem pretensões políticas?
J.B – Eu tenho. Acho que minha experiência como gestor público, da UFERSA, me credencia a disputar um cargo executivo, em uma cidade pequena. Ainda não em 2010 porque tenho muitos projetos na universidade em andamento e é importante deixar a universidade com uma estrutura razoável, a gente já abriu um bom nível de negociação com o Ministério da Educação e acredito que a minha saída agora pode representar uma descontinuidade.

J.U – Quando o senhor fala cidade pequena está lembrando-se de qual?
J.B – Apesar de ser caraubense, mas eu penso em Tibau. Acho que Tibau é um município que precisa de um choque administrativo.

J.U – Como o senhor ver as administrações atuais, principalmente nos municípios de pequeno porte como Upanema?
J.B – As prefeituras precisam entender que colocando na frente de uma pasta, de uma secretaria, apenas aquelas pessoas por aconchego político isso não evolui o município. Nós precisamos colocar pessoas que tem conhecimento técnico, mas também um pouco de política pra fazer a diferença.

J.U - O senhor parece ser bem íntimo do ministro, é verdade?
J.B - Não, não, mais recentemente que nós temos uma conversa mais próxima principalmente pela negociação de Caraubas, temos passado por várias reuniões e que eu tenho tentado justificar para ele que é muito mais justificável socialmente criar um campus de uma universidade no semi-árido do que criar uma universidade no sudeste, e é dez vezes mais fácil criar um campus do que uma universidade. Então o governo criou varias universidades nas regiões ricas e por isso ele tem que criar mais campus no semi-árido onde os jovens têm uma dificuldade muito grande de ingressar na universidade.

J.U - Qual a possibilidade dos alunos fazerem uma excursão, uma visita para conhecer a UFERSA?
J.B - Tranqüilo, sem nenhum problema, a gente manda até o ônibus vir buscar.

J.U - Com relação a conseguir mudas junto à universidade para projetos de arborização, existe esse programa?
J.B - Temos vários tipos de mudas. A prefeitura pode solicitar ou sindicato, a gente sempre evita para pessoas físicas, sempre pessoas jurídicas.

J.U - Com relação a mestrado, em quais áreas a UFERSA têm?
J.B -Temos na área de Ciência da Computação, irrigação e drenagem, produção vegetal, produção animal, mais eu acho que nós vamos ter um mestrado em tecnologia social, é o próximo que vamos trazer.

J.U- Mensagem final.
J.B – Eu queria, dada a minha proximidade com os jovens de Upanema e com os pais de família, dizer que quando o governo federal luta pela ampliação de vagas no ensino superior e usa os recursos da arrecadação pra isso, ele está cumprindo com o que prometeu na época da campanha e indicando que estas promessas do tempo de campanha poderão sim ser realidade. Depende muito de que esse jovem e o pai desse jovem saibam escolher os bons homens públicos e nós temos exemplos de bons homens públicos. É essa a mensagem que queria deixar porque já estamos nos aproximando do período eleitoral e não podemos votar naquelas pessoas que não tem compromisso com as camadas menos favorecidas.

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