segunda-feira, 8 de junho de 2009

PUBLICADO NO JORNAL DE UPANEMA


:: por Maxsuel Galvão

Ensino coletivo de instrumentos Musicais - Desenvolvimento da personalidade

Há alguns anos vem sendo difundida no Brasil a prática coletiva de instrumentos musicais. Essa proposta de ensino em grupo é uma realidade adotada por muitos profissionais e instituições de música, pois essa metodologia possibilita atender a um maior número de alunos por turma; na mesma sala, mesmo horário, cada um com seu instrumento. Além disso, desenvolve características na personalidade musical do aluno, causadas devido às relações interpessoais desenvolvidas pelos indivíduos da turma. No que diz respeito o ensino tutorial (tradicional), este acaba por limitar, não só o acesso ao ensino instrumental, mas também educação musical de um modo geral, já que as aulas devem ser individuais buscando elevar ao máximo a técnica de cada aluno.

O ensino em grupo proporciona uma maior interação do indivíduo com o meio e com o outro, estimula e desenvolve a independência, a liberdade, a auto-compreensão, o senso crítico, a desinibição, a sociabilidade, a cooperação, a segurança e, no caso especifico do ensino de música, um maior desenvolvimento musical como um todo.

Para Morais (1995), “o ensino em coletivo configura-se como um agente de socialização, uma vez que é no grupo que se processam as experiências”. A partir das trocas dessas experiências e interação com o grupo, o aluno passa a conhecer mais a si próprio e os demais colegas da turma. Deve também ser capaz de reconhecer as dificuldades dos outros e ajudá-los a superá-los.

Na medida em que o aluno se sente realizado em fazer parte do grupo, adquiri maior auto-estima elevando seu rendimento e sua produção. A auto-estima é o fator mais decisivo que o homem possui para o seu desenvolvimento psicológico e sua motivação. A mesma seria o resultado da autoconfiança e do auto-respeito. Quanto mais auto-estima o aluno possui, mais aceito, respeitado, reconhecido e apreciado ele se sente. Vale salientar que a motivação e a interação social são elementos tidos como os grandes responsáveis pelo incremento do aprendizado do aluno.

No que diz respeito ao papel do professor, este passa do de provedor ou fonte única do conhecimento, a partir do modelo de aula, para o papel de consultor, facilitador, e líder democrático, nos moldes da aula coletiva. O perfil do professor que trabalha com o ensino coletivo diverge do que trabalha em aula individual. O modelo de aula coletiva exige do professor, algumas habilidades especiais, tais como habilidade verbal, carisma, e o que Oliveira (1998) chama de timing, que seria “a habilidade do professor em dominar a dinâmica da aula por meio de ritmo interno próprio”. Já o aluno passa da postura passiva da aula individual (que poderá trazer dependência, ausência de reflexão, envolvimento e motivação) para o aprendizado por meio da descoberta, do desenvolvimento da reflexão, da contextualização pessoal, da criatividade, da iniciativa e da independência através da aula coletiva.

Portanto, não há dúvidas de que o trabalho em grupo favorece a interação social, e por isso apresenta muitas vantagens das quais são de tamanha importância não apenas para o processo de ensino-aprendizagem, mas também para o desenvolvimento da personalidade do individuo.

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