terça-feira, 12 de maio de 2009

O significado social da maternidade


Artigo de Naide Fernandes publicado no Jornal de Upanema

Estamos acostumadas a ver e ouvir no dia das mães frases, poemas e textos enaltecendo a mulher como símbolo da maternidade, adjetivo qualitativo da condição feminina.
Proponho-me a contribuir com a reflexão acerca da maternidade como um determinismo biológico que reserva às mulheres um destino social de mães.
Uma mãe é, antes de tudo, uma mulher.
Simone de Beauvoir, célebre escritora francesa, diz em seu famoso livro O Segundo Sexo “não se nasce mulher, torna-se mulher”. Assim também é com as mulheres mães. Mesmo que nunca tenha gerado um filho, mesmo que nunca venha a gerá-lo, toda mulher é ensinada a ser mãe. Primeiro da boneca, depois dos irmãos, do marido.
Quando falo da maternidade como um determinismo biológico para a condição da mulher mãe, procuro contribuir para que enxerguemos a maternidade para além da simbologia do afeto, do cuidado e do amor. Analisemos, também, a maternidade enquanto construção social que designa o lugar das mulheres na família e na sociedade. O lugar das mulheres na reprodução biológica (gestação, parto, amamentação e cuidados com o filho). A maternidade que leva as mulheres a se ausentarem do espaço público, confinando-as ao espaço privado e à dominação masculina. Ou seja, refutemos a associação que se faz da mulher ao útero, limitando a nossa função social à função reprodutora.
A maternidade traz o rótulo social da perfeição. E é justamente este rótulo que muitas vezes aprisiona a mulher contida na mãe, que faz com que priorize as atribuições da maternidade, levando ao esquecimento do eu, do ser mulher.
Sem dúvida, a maternidade requer responsabilidade, compromisso com a formação do filho, grande dose de paciência, energia física e mental. Porém, é necessário que a maternidade deixe de ser uma exigência para a condição feminina e se constitua como liberdade de escolha. Para ser mulher não obrigatoriamente devemos ser mães. Todas nós precisamos de um espaço de liberdade para a conquista da felicidade. Escolher entre ser ou não mãe para que possamos exercer prazerosamente e sem culpa as múltiplas funções de mulher, mãe, esposa, profissional.
Afinal, quem disse que para ser mãe é preciso deixar de lado os desejos inerentes à mulher? Quem disse que mãe não pode ficar exaustivamente cansada com os filhos? Que não se pode ter momentos de prazer longe de seus pimpolhos? Enfim, quem disse que ser mãe é padecer no paraíso? Precisamos desconstruir estes paradigmas. Façamos nossas próprias escolhas e procuremos ser felizes sempre.
Felicidades a todas nós mulheres mães!

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