terça-feira, 5 de maio de 2009

ENTREVISTA DA PREFEITA MARISTELA AO JORNAL DE UPANEMA


Jornal de Upanema – Qual a principal dificuldade enfrentada pela senhora nos 100 primeiros dias de sua administração?
Maristela Freire – A principal dificuldade foi com relação à lei do nepotismo que dificultou muito a formação do secretariado.
Outra grande dificuldade foi à crise econômica mundial que chegou até nosso município e diante dessa crise tivemos a redução no repasse de recursos como os royalties que ao comparar janeiro de 2008 com janeiro de 2009 o município perdeu cerca de R$ 100 mil, em fevereiro mais de R$ 100 mil, março também, enfim, tivemos no primeiro trimestre só com relação aos royalties uma perda de cerca de R$ 300 mil. Com relação a toda arrecadação, se compararmos com o primeiro trimestre de 2008, perdemos mais de R$ 400 mil. Então isso afetou as ações que estavam sendo planejadas para o primeiro trimestre da nossa administração devido aos recursos serem insuficientes e inesperados. Nós não prevíamos essa queda da receita, pensávamos que pelo menos os recursos iriam continuar no mesmo patamar de 2008.

J.U. – Diante dessa realidade, ser prefeita não era como à senhora sonhava? M.F. – Eu já tinha tido a experiência administrativa como secretaria de saúde, o que não era uma responsabilidade como de ser prefeita, pois a prefeita cuida da totalidade do município e a secretária apenas de uma área, então eu sabia que era uma missão muito difícil, de renúncia pessoal, até de convivência familiar, mas essa crise só veio me deixar mais preocupada. Mas é como eu sempre digo, Deus me deu essa missão e eu irei continuar mesmo com as dificuldades e com os problemas que apareceram nesse início de mandato. Eu sempre pedi a Deus para que se fosse para fazer uma administração para o bem do povo de Upanema que ele me fizesse ganhar as eleições. Então, já que esse objetivo foi alcançado terei condições de enfrentar a situação atual de nosso município.

J.U. – Faça um balanço sobre os 100 primeiros dias de sua administração. M.F. – Tivemos reunidos com os secretários, onde foram apresentados relatórios de cada secretaria e diante disso foram elencadas as ações desenvolvidas nesses primeiros cem dias para serem apresentadas a população. É nossa intenção além da divulgação no jornal também fazermos através da rádio e de um pronunciamento na Câmara provavelmente no dia 14 de maio.

J.U. – Na última entrevista que a senhora concedeu ao Jornal de Upanema, a senhora disse que os secretários passariam por uma avaliação em cerca de três meses. Passado esse período, todos foram aprovados? M.F. – Diante do relatório que nos foi apresentado eu avalio que algumas secretarias estão com dificuldades, mas não posso atribuir como sendo por motivo de competência dos secretários e sim as dificuldades que o município está passando. Todos estão empenhados, todos estão com muita vontade de trabalhar, todas apresentaram produção, mas eu ainda não avalio como um resultado mais formal, e só irei avaliar nos seis meses de administração de cada secretario. Devido algumas mudanças que ocorreram em algumas secretarias por motivo do nepotismo, não foi possível avaliar todos os secretários como também o secretário de turismo que foi recém empossado e não pude fazer uma avaliação. Então acredito que durante os seis primeiros meses é que eu poderei fazer uma avaliação definitiva do desempenho de cada secretário perante sua pasta.

J.U. – No último dia 17 de abril tivemos uma manifestação do Sindicato dos Trabalhadores Públicos Municiais. Como à senhora avalia essa manifestação? M.F. – Eu fiquei surpresa com a atitude que o sindicato tomou porque tivemos um primeiro contato e dessa reunião ficamos de nos reunir novamente em cerca de trinta dias para apresentarmos uma proposta do PCCS e também do piso dos professores bem como algumas outras reivindicações como a questão da produtividade pra ser inclusa no contracheque. Infelizmente foi quando tivemos a surpresa da redução das receitas do município e achamos por bem enviar um ofício ao sindicato comunicando a situação atual em que estávamos e que não teríamos condição de ter essa proposta. Hoje nós temos contato com a FEMURN, com nossos senadores, com outros parlamentares, e eles não dão uma garantia de que essa crise vai passar e que nosso FPM vai melhora no próximo mês, se vai haver investimento por parte do governo federal para os municípios. Diante disso nós achamos melhor encaminhar um ofício justificando o não cumprimento da reunião para que no momento em que tivermos uma decisão sobre a receita que iremos receber, se vai permanecer a mesma coisa, se irá ter um aumento, se vai piorar a situação, ai é que teremos condição de sentar com cada classe ai representada pelo sindicato e assim apresentar uma proposta concreta. Eu não gostaria de hoje me reunir pra dizer novamente o que eu disse na primeira reunião, ou seja, que não estava com uma proposta ainda definida para um aumento de salário na folha de pagamento. Por isso é que achei melhor juntamente com meus assessores, inclusive o assessor jurídico e o assessor contábil, para que essa reunião fosse marcada para maio para pelo menos termos uma noção do que o município irá receber. Nesse ofício que foi enviado ao sindicato deixei bem claro que a secretaria de finanças estava aberta para uma avaliação, que o sindicato enviasse uma comissão para avaliar o que a prefeitura estava recebendo, o que estávamos pagando de funcionários, principalmente do FUNDEB, o que estava sendo investido na área da educação e nas outras áreas, mas infelizmente, não sei por que o motivo não veio uma resposta sobre a composição dessa equipe para avaliação das contas e em resposta ao ofício fizeram a manifestação. Eu não estava presente no dia, mas soube que fizeram essa manifestação, principalmente dizendo que o plano de cargos e carreira não estava sendo cumprida e que é lei, que nós sabemos que essa lei foi aprovada mas que ela é ilegítima e que se hoje a prefeitura estivesse cumprindo e pagando o plano da mesma forma que foi aprovada na gestão anterior nós hoje estaríamos com dois problemas, primeiro nós não estaríamos cumprindo o pagamento do funcionalismo em dia e segundo eu estaria apoiando uma lei que foi votada irregularmente, ela foi votada no período de eleição quando não se poderia ter nenhum aumento de gastos na folha de pagamento e foi votada fora do prazo segundo o regimento interno da Câmara de Vereadores. Quero também informar a todos os servidores o valor que é repassado da prefeitura para o sindicato mensalmente. Estamos repassando uma média de 5 mil reais mensalmente para o sindicato dos servidores rigorosamente todo dia 10 de cada mês.

J.U. – A realização do carnaval de Upanema prejudicou financeiramente a sua administração? M.F. – Eu não seria hipócrita em dizer que não prejudicou. Qualquer gasto que você tenha tido durante esses três primeiros meses prejudica um pouco a administração se você pudesse ter evitado. Eu não diria que não teria feito o carnaval, mas se eu soubesse que essa crise era tão grave nós teríamos feito o carnaval, porque é uma tradição no município, um momento em que os filhos de Upanema que moram fora retornam para visitar suas famílias, mas teríamos evitado algumas situações que poderiam ser evitadas. Graças a Deus estamos superando este momento, o que foi investido no carnaval e vamos sair dessa crise sem nenhum prejuízo para o nosso servidor público e principalmente para a população mais carente do município.

J.U. – De que forma a prefeitura está agindo para amenizar o impacto causado pelas chuvas. M.F. – Estamos fazendo o possível e tentando até o impossível de se fazer. Estamos solicitando o apoio de todos os parceiros para resolver os principais problemas como a passagem molhada do rio Upanema, convocamos a empresa que realizou a obra, solicitamos engenheiro, solicitamos pessoas que tem conhecimento nessa área e nos reunimos com os secretários para cada um traçar estratégias de prevenção e combate a enchente. Estaremos também nos reunindo com a comissão de defesa civil que foi composta para colocarmos em prática nossas ações.

J.U. – Como está o relacionamento da prefeita Maristela com o legislativo? M.F. – Está indo de uma forma normal, não tem nenhum problema, que eu saiba, com os vereadores. Inclusive estamos com uma reunião para ser marcada com todos os vereadores, sem exceção, para ainda esta semana, com os vereadores da situação já estive reunida em outro momento e sempre que sou solicitada para uma reunião individual com os vereadores eu tenho prontamente atendido. Infelizmente só tenho me reunido até agora com os vereadores da situação porque nenhum da oposição me procurou até o momento, mas estou pronto a recebê-los. Então a relação está boa e estou sempre à disposição para atender os vereadores inclusive, ficou definido que todas as quartas-feiras à tarde eu estarei me reunindo com os vereadores.

J.U. – Na última entrevista que a senhora concedeu ao Jornal de Upanema disse que o ex-prefeito Jorge Luiz tinha sido um amigo, irmãos e até um pai. Como anda o relacionamento com Jorge hoje? M.F. – Nós temos continuado em contato por telefone, muitas vezes a gente já se reuniu e sempre o que ele prometeu está cumprindo que é me dar orientação. Como exemplo posso citar o sábado, logo após a visita dos senadores eu estive reunida lá no Poré com ele, conversamos bastante e ficamos de nos reunir sábado próximo pra exatamente montarmos estratégias administrativas, ele que tem tanta experiência administrativa já que esteve a frente da prefeitura durante oito anos. É uma pessoa que realmente está pronta e posso dar um exemplo recente, pois, no momento em que eu vi a passagem molhada daquele jeito a primeira pessoa que eu liguei foi pra ele e informei o que estava acontecendo e ele se prontificou em vir no mesmo momento de Mossoró, o que já era noite, mas acertamos de no outro dia ele estar aqui às seis horas da manhã e ele veio, trouxe o engenheiro, o construtor, e Jorge mandou todo o seu equipamento para resolver o problema da passagem molhada. Isso já diz tudo, não existe nenhum problema entre eu e Jorge Luiz. Algumas pessoas entendem que por Jorge não estar o tempo todo em Upanema possa estar acontecendo algum problema, mas, ele agora tem outros afazeres, está cuidando de sua empresa, mas sempre estamos nos comunicando por telefone e ele está à disposição pra me ajudar como foi prometido. É um parceiro, uma pessoa que tem uma visão muito ampla e eu não poderia deixar de ter a ajuda de Jorge nessa minha administração.

J.U. – Qual a importância da visita dos senadores Garibaldi e Rosalba visitando a Barragem de Umari? M.F. – Além de termos a satisfação em termos os senadores e o deputado Walter Alves, também foi um momento em que eu aproveitei para reivindicar algumas situações, como por exemplo, no momento em que Garibaldi chegou no Poré, a primeira coisa que eu perguntei se ele tinha visto como a estrada de Upanema está, e ele me disse que tinha visto, e eu pedi que ele nos ajudasse junto com o DNIT a resolver o problema de nossa estrada e principalmente agir para que a BR-110 venha a ser feita em nosso município. Ele imediatamente chamou Dorian e perguntou se ele já tinha tomado providência. Mas eu pedi para que ele reforçasse junto ao DNIT para que possa refazer o recapeamento da BR-110 que está danificado. Além disso, foi um momento em que pudemos também nessa visita reivindicar outras situações, ele até brincou comigo. No momento em fui para a barragem, fiz questão de ir no carro dele para justamente fazer as reivindicações que é um momento muito bom que a gente não pode perder muito tempo, daqui até a barragem fui reivindicando e ele olhou pra mim e disse: você não fala em outra coisa a não ser pedir, pedir, e eu respondi que aprendi com Jorge. Jorge pedia muito e eu peço muito, senador. Da mesma forma fiz com Rosalba, retornei da barragem com ela e vim falando a mesma situação. São momentos em que a gente não pode perder oportunidade de mostrar, porque nós não temos um município cem por cento, apesar da administração Jorge Luiz e Antonio Targino ter sido uma administração muito boa em nosso município, ainda tem muita coisa a ser feita em nosso município. A gente reivindicou muito, como foi dito lá, e no momento em que estive só com eles dentro do carro a questão da viabilização dos projetos de irrigação, das adutoras, potencializar a barragem de Umari. É muito importante pra gente, é muito importante para o município de Upanema foi um momento em que nós pudemos mostrar em loco a situação da barragem que estava ali com todo seu potencial que tinha que ser viabilizado os recursos para que ela trouxesse emprego e renda para a população de Upanema.

J.U – Na entrevista dada por Gilvandro ao jornal, ele prometeu que nesse mês de abril ia ter o aumento de 5,9% dado pelo governo federal. O que aconteceu que esse aumento não foi repassado? M.F – Inclusive nós estávamos, quando saiu o salário mínimo em fevereiro, nós vimos que não tínhamos condição de dar junto ao aumento do salário mínimo. Quando vimos os repasses de fevereiro achamos melhor deixar para março e em março teve a queda do FPM e ai não podemos cumprir. Por isso eu volto a dizer, não nos reunimos com o sindicato porque não sabemos exatamente o que vem de recursos. Tínhamos a informação em março de que em abril teríamos um aumento de 50% do FPM, depois tivemos a notícia de que iria ser 40%, então trabalhamos em cima dessa perspectiva mas infelizmente não houve esse aumento de 50% nem de 40% e não pudemos cumprir o que estava previsto. Como tivemos a prudência de não dar o aumento em fevereiro sei que muitos servidores estão chateados, o que é normal, e eu entendo porque também sou servidora pública, mas se tivéssemos dado o aumento era provável que não tivéssemos feito o pagamento em dia ou até demitir cargos comissionados e tirar gratificações de servidores. A minha prioridade número um se chama folha de pagamento em dia, da mesma forma que foi feito na administração anterior nós queremos manter porque a pior coisa para um servidor que depende dessa remuneração é um atraso salarial. Para os leitores terem uma melhor visão dessa situação eu posso dizer que em março quando conseguimos pagar a folha o que restou foi apenas 2 mi reais então, com um aumento salarial não teríamos cumprido e ai demitir ou não pagar em dia. A folha de pagamento em março chegou a R$ 644.102,21 o que confirma a situação difícil que estamos passando.

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