terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

HÁ UM MÊS MACIEL NOS DEIXAVA

HOMENAGEM AO JOVEM, AMIGO E IRMÃO, MACIEL TAVARES BEZERRA -

Vinte e sete de julho de 1968, nasceu Maciel, uma história de vida de 40 anos que fisicamente se encerrou em 10 de janeiro de 2009, com muita dor e muitas boas lembranças.

Menino traquino, moleque comilão, sorriso aberto, sempre de bom humor, estórias, brincadeiras e prosas diversas. Como a maioria das crianças, a bola é o brinquedo preferido. Na adolescência, se fez pelas mãos do professor Dequinha, um meia armador de toque refinado, passe preciso e chute potente, porém, preguiçoso. Sempre dizia: treinar? Somente com bola.

Ainda menino meio adolescente, transportou leite da fazenda pra cidade (de bicicleta e carroça), foi aguador (expressão popular para aquele que abastece de água um ambiente) de armazém de cozimento de pó e de rancho de turma de cortar palha de carnaúba. Trabalhou na serraria da família, num tempo em que criança trabalhava como metodologia da educação familiar (nada contra os tempos atuais). Nunca reclamou do trabalho, ruim mesmo é acordar cedo. O trabalho era gostoso e divertido, de recompensa tinha até uns trocados, que usava para comprar bolacha recheada e guaraná (sempre dividia com os irmãos e é bem verdade que às vezes tinha uma briguinha). Na igreja poucas vezes, mas o coração sempre foi bom, sempre temeu a Deus: não se deve fazer nada de errado com o próximo e devemos ajudar as pessoas. Papai e mamãe me ensinaram e isso deve ser seguido à risca, Deus lá do céu ta vendo tudo. Se descumprir não vai para o céu.

Na adolescência, todos os domingos, no batente da Escola Alfredo Simonetti, ouvia no rádio o Programa Musibol, com o radialista Diassis Linhares, sempre na companhia dos amigos Caçapava e Genildo de Capitão. Cultivou cada vez mais a paixão pela música e pelo futebol. Na música, MPB, balada, rock pop, romântico e rock internacional: Fagner, Cazuza, Roupa Nova, Zé Ramalho, Lulu Santos, A-HA, Scorpions e Elton Jonh. Seu cunhado Dehon ajudou a refinar o gosto pela música nordestina através de Luiz Gonzaga, Flávio José, Jorge de Altinho e Nando Cordel. No futebol só enxergava o Vasco da Gama de Roberto Dinamite a Edmundo, paixão eterna, cruz de malta, campeão brasileiro e várias vezes carioca, Romário, Eurico, Anatécio, segunda divisão? É apenas um detalhe.

Na juventude, estilo galã, tipo boêmio, pé de balcão (igual ao Pai Maurício), mesa de bar, dançar nem pensar (fazer o quê! não aprendi!), gosto mesmo é de namorar. Da sua turma podemos citar: Ricardo Figurinha (não se aborreça Caxi), Neudo, Maurílio, Carlos Júnior, Deinho, Wanderlei, Núbio (e suas mil e uma estórias), Luiz (que Deus o tenha) e Nonato de Salomé, Damião, Ivon e Eliezer. Desculpas se esquecemos alguém. Muita estripulia, festas diversas, alegria, alegria, o bom da vida é sorrir e prosar. Sem maldades, muito simples, descontraído e sempre muito responsável.

Namorar, namorar, porém um dia é pra casar e chegou esse dia. Esposo apaixonado, amor incondicional, quem confirma é Erbene. Pai amoroso, super atencioso, dizem que muito “coruja”. Guilherme e Iza Gabriele, painho vos ama.

Homem casado, mudança de hábitos, família pra criar, vocação comércio. Lanchonete e bar - perde muito sono, alguns não sabem beber, chega um momento que abusa. Mercearia, o Pai Maurício e Márcio sempre por perto. Cotidiano? Todos os dias a mesma coisa, pesar açúcar, R$ 1,00 de pão, mamãe estar na calçada, entregar um botijão de água, Leonardo Filho trouxe o queijo, o pessoal dos Teimosos, a Churrascaria de Nil, a mercadoria de Hermínio, a caderneta do fiado, vai chover, tá calor, o leite chegou, tia Inez é quem vai ferver.

Fim de tarde, que gostoso! Põe a caldeira na calçada, uma prosa com quem passa. Veinho, quanto saiu o jogo? dessa vez vai, acho difícil, A mesma rotina, não importa! Guilherme e Iza Justificam.
Casado e responsável, mas não me tirem a pescaria, o aperitivo e o círculo de amigos, inclusive vários deles são “novos”: Cezar de Tito (quase um irmão), Neguinho de Silvestre, Ricardo de Diá, Júnior de Chico Preto, Souza, Leandrinho e a turma do Salgado (desculpas não sabemos os nomes).

E a política? pôxa que assunto difícil! A família dos dois lados (pai e mãe) são políticos e por ironia do destino, na maior parte das edições foram adversários. Sempre voto onde papai e mamãe votam. Tia Rita, Tio Valério, Amarildo, Luiz Jairo, mas com respeito e admiração por Rosvaldo, Tio Elizeu e Rivanda. Zé Wilson e Manuela votam em Lula, Dehon e Maiza também, eles estão certos, Grande Presidente. Voto em qualquer lado ou cor, mas a situação me leva sempre para o vermelho.

Por acaso, a cidade grande na sua vida. São Paulo e Praia Grande, tudo muito bonito, muito movimento, muita gente, duas conduções pra trabalhar, 12horas por dia de aperreio. Bom mesmo é meu lugar. Upanema, estou voltando, São Paulo nunca mais.

E a família? Apaixonante e complexa, a nossa e a grande maioria. Mas, falamos do apaixonante, o complexo cada um cuida da forma mais prudente. Marcelo, Zé Wilson e Márcio, poucos afetos, bons diálogos, muito equilíbrio, muita sinceridade e respeito, apoio mútuo, tudo se explica no olhar, pra que falar, se as atitudes correspondem. Maiza e Manuela, quanto amor, liberado em todos os momentos, mas despejado no momento certo e necessário. Papai e mamãe. Papai paciente, mamãe impaciente (não agora), papai observa a distância, mamãe marcação cerrada. Papai aponta o caminho, mamãe impõe o caminho. Papai primeiro quer entender, mamãe defende antes de saber (sei os filhos que tenho), Papai metódico, cuidadoso e vivido, mamãe matriarca, resolvida e bondosa. O carinho e o amor estão no coração e sempre afloram na medida exata.

Ôpa e EU? Como me definir? Somos suspeitos para tal, mas a verdade é que temos pouquíssimo a reclamar. Questionava o questionável e às vezes nem isso, tinha simplicidade e autenticidade, muitas vezes passivo, sempre foi amigo, companheiro, discreto e alegre. Trabalhador, pontual nos seus compromissos, justo com seus sentimentos. Divertido e verdadeiro. Homem bom (ouvimos do povo).

Família feliz, muitos amigos, transporte pra andar, casa própria e comida na mesa. Eis que uma lesão no estômago interrompe um ciclo que parecia distante de fechar. Suportou muita dor sem reclamar, como ele dizia pra não dar trabalho. Mas o que provocou? Hábito de vida? Conservantes na alimentação? Pouca verdura? Muita carne com hormônios? E a ciência? Não tem resposta? Pra quê resposta? Deus é grande, sábio e poderoso e a Ele entregamos todas as coisas do céu e da terra.

Agradecemos as diversas comunidades católicas e evangélicas pelas orações em favor de Maciel. Agradecemos a toda a população de Upanema pelos votos de solidariedade e pesar.

Upanema (RN), 12 de janeiro de 2009.

A Família.
Fonte: Coluna de José Wilson no Jornal de Upanema

5 comentários:

ENTRETENDO & SINFORMANDO disse...

E por grande coincidência, o colega dele de lanchonete, Luiz de Adauto, também faleceu.

Anônimo disse...

Grande Maciel! Ficará pra sempre na memória de todos nós. Que Deus o mantenha no lugar que ele merece: Céu.

Anônimo disse...

MACIEL, era td isso que Jose Wilson falou e muito mais.um amigo de verdade. que DEUS o tenha do seu lado.

Glasdton Bezerra disse...

È uma pena que um artigo tão bonito seja contado inspirado no falecimento de nosso Maciel.

Anônimo disse...

jose wilson fiquei surpreso com esse fato tao triste eu estou a 10 dias de ferias na praia grande-sp e estou chocado,sempre jogamos juntos,fizemos muitas brincadeiras juntos,um abraço para voce e sua familia,esse ano estarei indo a upanema apos 21 anos. um abraço amigo.