sábado, 12 de abril de 2008

População se une para ajudar vítimas

Jotta Paiva
Do Oeste
Oeste - A ação da sociedade civil organizada no socorro às famílias vitimadas pelas chuvas e cheias dos rios Apodi e Umari foi considerada extremamente necessária. A movimentação de associações e entidades foi fundamental para o salvamento de muitas pessoas enquanto as autoridades estavam presas pela burocracia.
O momento mais crítico aconteceu na quinta-feira, 3, quando o nível dos rios começou a subir rapidamente. Várias pessoas das comunidades ribeirinhas procuraram o professor Flaviano Monteiro por volta das 3h. Desse momento em diante todas as outras pessoas que podiam ajudar começaram a ser contactadas.
Através da Fundação para o Desenvolvimento do Vale do Apodi (FUNDEVAP) e seu presidente Francisco Valdevino, foram adquiridas algumas lanchas que serviram para os primeiros resgates. Outros atores nesse processo foram às associações comunitárias e rurais e Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR).
Pelo menos 15 famílias ainda estão abrigadas na sede do referido sindicato, que se transformou em quartel general para os desabrigados. Desde os primeiros dias, o presidente do STR, Edilson Neto, e sua equipe trabalharam sem parar para ajudar às centenas de pessoas vitimadas pelas águas.
Segundo a vice-presidente do STR, Maria Lenilda de Almeida, a população da cidade realizou espontaneamente uma campanha de doação e em pouco tempo foram conseguidas várias toneladas de alimento e roupa. “Foi uma coisa inacreditável; ficamos todos emocionados com a atitude espontânea das pessoas”, disse.
Lenilda declarou que as doações foram tantas que está dando para manter as famílias desabrigadas e doar muita coisa em todas as comunidades mais prejudicadas. “Estou muito gratificada de Deus ter nos dado tanta força para agirmos certo na hora do desespero”, enfatiza Lenilda.Emocionado, Edilson Neto contou que a primeira doação que recebeu foi meio pacote de macarrão de uma senhora. “Fiquei tão emocionado que não consegui nem agradecer; foi um dos gestos mais bonitos que já vi até hoje”, disse o presidente do STR.
De acordo com a Defesa Civil, pelo menos 1.050 famílias ficaram desabrigadas desde o início das chuvas. A equipe informou que muita gente já voltou para suas casas, embora a situação ainda seja de alerta.

Famílias não sabem como vão recomeçarVárias famílias ainda desabrigadas ou em estado de alerta começam a se preocupar com o futuro após a baixa das águas. Em praticamente todo o Vale, os prejuízos são incalculáveis. Casas destruídas e plantações inundadas caracterizam o novo cenário da região.
No sítio de seu Antônio Alves de Morais, 59, na localidade rural de Cipó, tudo foi perdido. Ele contabiliza a perda de um hectare de feijão e pelo menos duas tarefas de banana que ficaram totalmente inundadas pelo rio Umari.
“Perdi galinha, guiné, porco e minha casinha rachou em duas bandas, tudo o que tínhamos de valor; agora não sei como faremos para recomeçar”, lamenta Antônio Alves, que está abrigado na sede do Sindicato Rural com outras cinco pessoas da família.
Agora, ele e só pensa em voltar para casa daqui a pelo menos 15 dias se as águas baixarem. “Tive que alugar uma casinha aqui na rua por conta dos meninos que estudam e não podem ficar sem assistir aula”, complementa.
Como Antônio Alves, o agricultor Rosivan Marinho Soares, residente no sítio Juncal, ainda voltou para sua casa na zona rural, mas como as águas voltaram a aumentar, ele teve de voltar para a cidade e hoje está abrigado na sede do STR com sua mulher e filho.
O agricultor disse que se não fosse a solidariedade do povo e instituições, muita gente teria ficado na rua porque não haveria como se sustentar em suas casas.

Solidariedade também chegou de fora
Muita gente de outras cidades do Estado ajudou com doação. Segundo a vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Maria Lenilda, muita gente até de Natal veio a Apodi só para colaborar com as famílias.
Em Upanema, o grupo de Jovens e o time de futsal feminino estão realizando uma campanha de solidariedade para arrecadar alimentos e roupas às famílias de Apodi. Segundo Wberlhane Pereira, coordenadora do grupo de jovens, o trabalho começou na quinta-feira, 10, com a participação de todas as jovens que fazem parte do grupo. “Nossa intenção é levar um pouco de solidariedade a quem está precisando”, finalizou.
Fonte: Jornal de Fato

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