domingo, 16 de março de 2008

Tempos de escola: Maria Aparecida da Costa Bezerra

Ao ser indicada pelo professor Francisco José para participar deste quadro “Tempos de Escola” não posso negar. Fiquei perplexa, mas como tenho consciência que o amor tem que ser exercitado, então o primeiro passo a ser dado é estar disponível ao outro, ao seu próximo. Por isso não mais vacilei e respondi que era meu prazer. Quero de antemão parabenizar o meu parente (neto de minha prima Ritinha) pelo relevante trabalho desenvolvido neste meio de comunicação.
Minha primeira professora inesquecível foi minha mãe (Dona Inácia) ensinando-me a carta do ABC e também a cartilha com a ajuda de minha irmã Maria Mariana que ensinava no Sítio Santa Quitéria, quando muitas vezes fui acompanhá-la e lá me orientava.
No ano seguinte fui estudar no Grupo Escolar prof. Alfredo Simonetti( hoje Escola Estadual José Calazans Freire) com a professora Nerideus (irmã da professora Marlúzia Cabral – aposentada). No mesmo ano fui para o 2º ano estudar com Dona Tonhita (mãe da professora Simone e Luiz Jairo). Esse progresso acontecia porque sempre fui acompanhada pelos meus pais e irmãos. Minha mãe, Dona Inácia, não tinha facilidade para tabuada por isso, tive como meus instrutores no assunto meus irmãos Pequeno e Chaguinha (este em memória). Meu irmão Chico Inácio também me ajudava na medida do possível. Aqui eu já brincava de ser professora. No 3° ano escolar estudei com Dona Néri (irmã da professora Salete Gonçalves) A escola era paga por João Melo que na época era proprietário da Fazenda Boágua. Fui contemplada com uma bolsa de estudos dada por ele. No ano seguinte naquela escola não tinha 4º ano. Por isso voltei a estudar no Grupo Escolar com a professora Tonhita. Este período não pode ser esquecido. Havia piquenique. Uma das maiores festas cívicas era o 7 de Setembro, quando se reunia toda a comunidade inclusive os pais dos alunos que moravam nos sítios. Que tempo! Todos se amavam mutuamente. Quantas recordações! Havia uma ligação muito grande entre os professores e as famílias, havendo assim um grande aprendizado.
DIFICULDADES – Eram tantas. Os pais compravam o material escolar e nada se recebia dos governos. Graças a Deus tive a honra de ter como padrinho Raimundo Cândido que todos os anos me presenteava com o livro básico. Para mim foi um prazer muito grande dele ter sido lembrado com o nome da Unidade Mista de Saúde. Às vezes meu caderno de apontamentos era feito dos restos dos cadernos de Josa (Josafá Inácio, meu irmão). Quando ele vinha de férias, eu tirava as folhas limpas e mamãe costurava com linha de saco, construindo assim outro. Minha mãe aproveitava o papel de embrulho que vinha do comércio com farinha, arroz, etc. e engomava para fazer o caderno de aritmética (das contas) . Outra dificuldade era que mesmo minha mãe sendo costureira meu pai (Manuel Inácio) sendo barbeiro, não podiam comprar farda pra mim. Somente no 5° ano possuí farda porque eu já trabalhava. Naquele tempo não havia merenda escolar, mas quem queria estudar, aprendia. Não era fácil fotógrafo na época. Eis aí a prova no jornal.
TRAVESSURAS – Não posso negar. Fui uma aluna cheia de traquinices, mas estudiosa e nunca fui reprovada. Aos leitores, me permita contar uma das minhas travessuras. Uma vez no recreio saíamos eu, Marlúzia Cabral e outras para tomar banho numa caixa d’água no muro de uns prédios velhos, onde hoje é a Câmara Municipal e o Clube Municipal. Quando minha mãe soube, como se dizia, “pegue peia”! Quantas pisas levei de minha mãe pelas minhas reinações de criança. Mas só digo uma coisa: agradeço a Deus o que sou a meus pais que souberam me educar. Não tenho raiva deles ter me disciplinado assim. Me educaram conforme a Bíblia, em Eclesiástico 30 e Hebreus 12. Mesmo assim brincava comigo e minhas amigas. Quantas recordações do Grupo Escolar, dos companheiros, das brincadeiras. Lá tudo era bom e se aprendia. Concluí meu 5° ano com o professor Ferreirinha (em memória) . Ele tinha curso superior e era diretor e filho de Mossoró. (ano: 1958) Neste período fui professora particular com a ajuda muito grande de minha mãe ate porque eu só tinha 14 anos. Ser professora particular era usar a palmatória como meio de aprendizagem. Para hoje parece violência. Cito aqui Francinaldo, um ex-aluno (que é tio do professor Francisco José) que até hoje recorda e agradece o início de seu desempenho adquirido neste sistema e tantos outros. Voltando a falar no 5º ano, não podendo estudar fora, fui ser ouvinte nesta série na qual tornei-me auxiliar do professor. Então eu escrevia no quadro de giz tudo que necessitava para os colegas. Quantos entraves! Não havia livros didáticos. Tudo era copiado no quadro para que os alunos fizessem seus apontamentos. Inclusive o aluno precisava saber tudo de cor e salteado todos os pontos. Para mim foi uma gota d’água para que eu fosse encorajada a ser professora.
CURSOS
Fiz o curso de treinamento para professores leigos em 1965-1966, em Mossoró.
Ginásio pelo rádio – Madureza – No segundo semestre de 1968 até início de 1970.
Fiz as provas orais em Mossoró. Este era administrado pela Diocese de Mossoró. Na época esperava Josa nas férias para que ele tirasse minhas dúvidas. Ele foi mais um dos meus irmãos a me ajudar na caminhada dos meus estudos.
Diploma de professora de ensino de 1º grau – 1ª a 4ª série – ministrado pela Secretaria de Educação e Cultura no Instituto de Educação – presidente Kennedy- Escola-modelo de Natal, em 1974. Naquela época eu já era casada e tinha Laurinda com 1 ano e 5 meses. No ano seguinte assumi a sala de aula no 2º grau (hoje Ensino Médio).
Curso superior – Licenciatura Curta – 1977 pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte, em Mossoró. Nesse tempo já tinha Hudson com um ano de idade.
Curso superior – Licenciatura Plena – Pedagogia, em 1998, também pela Universidade Regional do Rio Grande do Norte.
Quero também dizer aos leitores que nesta trajetória eu continuava estudando par preparar alunos para exame de admissão em Mossoró, como também após anos aqui em Upanema. Entre tantos alunos tive o prazer de ser professora do grande educador professor Xavier, integrante deste jornal.
Ainda continuo estudando par servir a Deus e aos irmãos como catequista e fazendo um trabalho para a saúde como coordenadora do I.E.C (Informar, Educar e Comunicar).
Aqui está em resumo meu “tempo de escola”, sempre em anos bem distantes, com muitos altos e baixos e muitas pedras no caminho. E assim com a presença de Deus.
Meu marido, José Bezerra de Oliveira, pais, filhos, irmãos, sogra, cunhadas, primas, secretárias domésticas, amigas, todos queriam ver meu sucesso. Portanto, meu sonho foi realizado: ser professora.

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