ENTREVISTA COM ELENILSON BEZERRA

Confirma esta ótima entrevista feita pelo Jornal de Upanema com Elenilson Bezerra

Um HOMEM que tem ajudado muito os filhos de upanema nas horas que mais precisam
Por Silva Júnior, Lázaro Carlos, José Mario, Francisco Xavier e Thaiza Gabriele

Jornal de Upanema – Como foi sua ida para Fortaleza?

ELENILSON BEZERRA– Em 1975, com apenas 12 anos de idade, a convite da minha avó Maria, fui passear em Fortaleza,. Lá identifiquei com a capital, e passei seis meses. Conheci em 1978 uma pessoa extraordinária chamada Francisco Jesus Costa, conhecido por Titico de Antenor, que me convidou para trabalhar e morar com ele. Na época já morava Paulo de Maria Romana, Lauro de Levi, Naldinho de Chico Cornélio, Antonio, Valdete, Mazinho. Titico me colocou para estudar, num dos melhores colégios de Fortaleza. Em 1979 eu e Valdeci ingressamos na Aeronáutica. Valdeci seguiu a carreira militar. Eu cheguei a ser cabo. Fiz um concurso para INFRAERO e em 1982 comecei a trabalhar no Aeroporto Pinto Martins.

JU – Sabemos que o senhor é presidente de uma associação de Hipertensos e Diabéticos. Quando foi que o senhor descobriu que estava com a doença?

E.B. – Foi assim: em 1991 eu tinha 89 quilos, quando fui surpreendido, ao perder peso. Cheguei a ficar com 47 quilos. Daquele ano até 1998 passei por momentos tristes e difíceis. Nos primeiros meses da doença eu tinha muito medo de saber o que tinha realmente porque foi na época em que a AIDS estava nos seus primeiros anos de propagação. Então não deu outra: fui confundido com um aidético. Só descobri a doença verdadeira quando desmaiei. Fiquei quinze dias em pré-coma. Nesse período fui examinado e constatado a doença que tinha.

JU - E qual foi à doença que foi descoberta em você?

E.B. - Fui informado que eu estava com diabete. Depois de passar um ano aqui em Upanema, eu agradeço as orações do povo de Upanema, do povo de Fortaleza – agradeço aos irmãos da Assembléia de Deus e Batista – por terem vindo fazer várias vezes orações por mim. Se existe milagre aqui na Terra, eu sou um deles, por Deus ter me tirado da cadeira de roda e colocado para trabalhar em prol dos diabéticos e hipertensos.

JU - E depois de ser constatado que estava com diabete, o que você passou a fazer?

E.B. - Resolvi encarar o problema de frente e achar uma forma de ajudar os outros que tinha o mesmo problema meu. O primeiro passo foi participar de grupos, tentando inteirar-se dos problemas e fortificar-se em grupo.

JU - Quando surgiu a associação de diabéticos e hipertensos?

E.B. - Retornando a Fortaleza, criamos um grupo de interesse, um grupo de diabéticos e hipertensos que se reunia, que foi crescendo e se avolumando e criando uma grande adesão. Em 1998 fomos indicados por um grupo formado pelo Dr. Varcan, o Freitão, que nos convidou para ser presidente. Na época batemos de frente com a direção com a direção do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão, que era a doutora Adriana Fortes. Partimos para a primeira eleição da Associação dos Diabéticos e Hipertensos. Havia um candidato a deputado federal que tinha um slogan: “evangélico vota em evangélico. Aí copiei o slogan para “diabético e hipertenso vota em diabético e hipertenso”. Fomos eleitos com uma maioria absoluta e ficamos a frente da associação sem recursos nenhum e as reuniões eram feitas debaixo da castanheira. Não tinha nenhuma cadeira pra sentar. Em 2000 conquistamos um grande projeto, na gestão do prefeito Juracy Magalhães na questão da Secretaria de Saúde do município. Conquistamos também a coordenação da Associação e Diabéticos e Hiperternsos de Fortaleza, tendo a frente Dra. Enide. Hoje está na mão da doutora Beatriz. Antes dessa conquista, organizamos 80 núcleos em Fortaleza. Existe a Associação de Fortaleza, Associação Cearense de Diabéticos e Hipertensos, ADAVE, ADEGA (Associação de Diabéticos e Hipertensos do Centro Social Guiomar Arruda) Há um projeto do corpo de bombeiros em parceria com a ADHEC (Associação dos Diabéticos e Hipertensos do Estado do Ceará) denominado “Saúde e cidadania” que também é o nome do nosso programa de rádio. Em 2000, assinamos um convênio com a Prefeitura de Fortaleza. Uma tristeza é referente à cidade de Upanema. Quando trabalhamos num segmento como a saúde, enfrentamos barreiras e obstáculos e incompreensão. Desde a gestão de Valério, quando Manuel Lino era o presidente da Câmara, a gente tenta uma aproximação com a prefeitura municipal de Upanema. Só houve um sucesso na gestão de Amarildo Martins. Ele me ajudou aqui e acolá, facilitando a vida dos pacientes com estrutura física e financeira. Quando Jorge Luiz assumiu, melhorou muito a cidade. Posso até considerar sua administração com a de Jurassy Magalhães, que transformou Fortaleza. Jorge transformou Upanema, sobre asfalto, mercado, praças, reformas das unidades de saúde. Mas esqueceu um pouco o social. O que existe aqui de social são os programas de Lula. Vejo pessoas em Upanema que não tem documento, passando fome. Acho injusto a prefeitura pegar uma pessoa doente, muitas vezes com doença séria, não-identificada e mandar para Fortaleza. Dentro de um carro e me entregar. Assim, temos que forjar que o cidadão é de Fortaleza, botar no endereço meu. Pra se ter uma idéia, temos doença rara que a prefeitura de Fortaleza gastou quase 200 mil reais com uma filha de Upanema. A responsabilidade é da prefeitura de Upanema. Como se dá isso? É bom que os médicos de Upanema – não vou citar nomes - e a secretária de saúde de Upanema deixem de mandar bilhetinhos pra Fortaleza, ou seja, o médico faz duas linha no computador e assina embaixo coisa que não é assim.

"É bom que os médicos de Upanema e a Secretária deixem de mandar bilhetinhos para Fortaleza..."

O sistema SUS (Sistema Único de Saúde) não funciona assim. Upanema é uma cidade muito desenvolvida. Não se admite mais uma secretaria a nível da cidade de Upanema não encaminhar adequadamente seus pacientes pra tratamento fora de domicilio. Está na hora da gente puxar a orelha da secretária, tá na hora dela preencher os formulários do SUS, sob pena de nós tomarmos uma providência. Porque somos hoje não só do conselho de ética do Hospital do Coração, também do conselho HG de Fortaleza. Não admitimos nenhum secretário ou gestor ser omisso de suas responsabilidades. A gente entende que Upanema não quer pagar a conta do seu cidadão. A verba para a saúde é pouca, a gente entende. Mas um cidadão que for fazer um tratamento fora de domicilio é responsabilidade do gestor.

JU - Qual desses órgãos está apoiando o trabalho de Upanema?

E.B. - Eu mesmo, Elenilson. A ADHEC não pode em nenhum momento nem receber pessoas da região metropolitana de fortaleza, quanto mais de outro estado. O Elenilson fica um pouquinho dividido. Já disse ao prefeito Juracy que deixasse eu ajudar o povo de Upanema. Tenho certeza que ajudando, minha diabete vai ficar controlada. Fico até um pouquinho dividido, apesar de ser de Upanema. Eu me orgulho de participar do segundo escalão da prefeita Luiziane Lins. Numa capital e 2.400.000 habitantes e é a quarta capital do país. Eu me sinto entre os cinqüenta escolhidos pela prefeita. O que me entristece é porque as pessoas me perguntam: você um filho de Pedim de Seu Né, aqui em Fortaleza, com esse prestígio todo, aparece muitas vezes na TV Diário. Respondo: primeiro, humildade. Ninguem vai a lugar nenhum sem ela. Quando passo de Aracati pra cá, procuro esquecer os problemas sob minhas responsabilidades. Visto a camisa de um filho de Pedim de Seu Né das Barreiras, que conhece a várzea toda. Alguém que trabalhou em palha, junto com o avô Tonheiro. Eu sou upanemense. Quando passo de Aracati, volto a assumir minhas responsabilidades. Diante de tudo isso, o poder não subiu a cabeça.

JU - E o Serviço Único de Saúde?

E.B. - O SUS hoje não está muito assistido porque o cidadão não valoriza o sistema de saúde deixa os gestores fazerem o que quer. Onde o SUS não funciona, a culpa é dos gestores. Defendemos o SUS porque ele tem salvado muitas vidas. O SUS dá transplante de todos os órgãos dos seres humanos. Comemoramos agora, com muito orgulho, o avanço de transplante de órgãos no Ceará. Ganhamos de são Paulo e grandes centros. Fizemos o transplante de número 650, na semana passado. O que lamento é que mais uma vez o transplante só chegue pra pessoas em fase terminal.

JU - Você tem participado da política?

E.B. - O que conquistei até hoje em Fortaleza foi através de política. Em 2002 fui candidato a deputado estadual, pelo PSL, sem ter nenhum “santinho”. Eu fui convidado por Juracy Magalhães então prefeito de Fortaleza. Fui votado em 35 municípios do estado do Ceará, com uma votação de 647. Só em Fortaleza eu tive quase 400 votos. Minha campanha foi feita pelos amigos dos hospitais, da rua.

JU - Quais são seus planos para o apoio a alguém de Upanema no próximo ano?

E.B. - Eu tenho que ajudar mais a Upanema. Estou à procura de um candidato a vereador, que não seja suplente de vereador nem vereador e que seja comprometido com o meu trabalho voluntário, que seja identificado comigo e que goste do povo e que não trabalhe pensando em ser eleito e depois se esconder no gabinete. A política de Upanema tá toda errada. Vereador é pra está em cada esquina, no meio do povo. Em Fortaleza temos um projeto de um vereador denominado “Câmara vai nos bairros”. Até sugeri ao vereador Nonato que leve a Câmara para os sítios de Upanema para saber as dificuldades do povo. Estou conversando com vários partidos e pessoas que são pré-candidatos. Peço até perdão a Manoel Lino por não estar mais com ele para vereador e sim, num projeto grandioso. Eu queria identificar com um vereador comprometido com o povo de Upanema e a saúde. E quando for eleito, atender a todos. E atender a todas as cores. Não adianta fazer uma cidade bonita e o povo continuar com aquela mentalidade assim: “ah, esse é do verde, eu não atendo! Ah, esse é do vermelho, eu não atendo! Ah, esse está em cima do muro!” Acho que a saúde não tem partido, não tem cor. A saúde tem estar em primeiro lugar na vida do cidadão. Não é à-toa que a prefeita Luziane Lins na última pesquisa obteve um nível altíssimo. Só quem se aproximou dela foi Juracy Magalhães, com 21% de aprovação. Ela obteve 33%. O de Curitiba e o de Natal tiveram uma média de 10%. A saúde não tem partido. É um direito de todos e assegurado por lei. Quero que um vereador facilite a saída daqui para que eu possa ajudar em Fortaleza. Vou puxar a orelha, a começar dos políticos da família, que em quatro anos de mandato não deu se quer um telefonema pra mim, não me procura. Lamento por exemplo, não ter nenhuma homenagem em Upanema com o nome do velho Tonheiro das Barreiras, seja uma rua, uma praça, uma escola, nem um nome dum banco do cemitério da praça da saudade, entre outros nomes que mereciam ser homenageados. São essas coisas que a gente lamenta. Entregaram agora títulos de cidadãos a pessoas que prestam serviços à cidade de Upanema. Lamento que alguma pessoas de Fortaleza não ter recebido essa homenagem.

J.U. – Quem você acha que deverá ser o candidato a prefeito da situação?

E.B. - Acho que Jorge Luiz tem que ter gratidão política. Que é gratidão política? É aquela mão que recebeu e que tem que devolver. Acabar com essa demora de lançar o candidato. O adversário está ganhando terreno. Se a eleição fosse hoje, sem dúvida nenhuma, o eleito seria Luiz Jairo. Digo isso porque ando nos sítios e converso com os políticos e pessoas simples. É uma questão de gratidão política. Hoje também o segundo mais votado sem dúvida nenhuma é Manoel Lino. Então tá na hora de Jorge Luiz agradecer a Manoel Lino o que recebeu (a prefeitura). Upanema continuar em boas mãos, Jorge Luiz devolver a Manoel Lino, convidar logo ele para ser o candidato da gestão. E Manoel Lino que já provou que é um grande administrador, que é um político que tem seriedade, ética e com a grande vantagem que tem o sangue do Velho Tonheiro que o sangue de ajudar pessoas. Se Manoel Lino for o candidato a prefeito, estarei do seu lado, não só para trabalhar, mas para ajudar, e vestir a camisa, como fiz sempre. Inclusive na última eleição de Adelcina, estive aqui, ajudei com a parte logística da campanha de Adelcina. Se for pra prefeito ou vice-prefeito, estarei do lado de Manoel Lino. Mas se ele for indicar mais um vereador, vai bater de frente com um vereador comprometido com a saúde de Upanema ao lado de Elenilson Bezerra.

J.U. – Mensagem final

E.B. - Coordenamos em Fortaleza uma parte terciária, doenças de ponta, ou seja, tumor cerebral, tumor de fígado, de rim, etc. Como um exemplo, temos o caso de Samira e Tiago que repercutiu muito. Nossa casa de apoio em Fortaleza, com autoria do vereador Didi Mangueira, tem o nome de Miriam Sobral Dantas. Dentro do novo projeto, a prefeita Luiziane Lins vai criar o CIDFOR (Centro de Diabéticos de Fortaleza) Aí nós poderemos ajudar mais as pessoas de Upanema, com as consultas eletivas, ou seja, a medicina específica: dermatologista, oftalmologista, cardiologista, endocrinologista , neurologista, etc. Qualquer filho de Upanema que esteja desenganado pelos médicos de Mossoró ou Natal, podem nos procurar em Fortaleza que nós vamos ajudar de todo o coração. Vou deixar meu telefone de contato: (85) 3088-4537

Fonte: Jornal de Upanema