sábado, 1 de dezembro de 2007

Padre Pedro faz 50 anos de sacerdócio

Campo Grande - Ontem, 30, foram comemorados os 50 anos de vida sacerdotal do padre Pedro Neefs, pároco emérito e presidente de honra do PT do município de Campo Grande. Guiado por uma vida marcada pela opção de defender os pobres, o padre Pedro se tornou uma figura de expressão regional que a cada dia conquista mais respeito e adeptos de seu projeto de vida em todo o país.
Ontem, Campo Grande amanheceu com alvorada e execução do dobrado em homenagem ao religioso, que leva o nome de padre Pedro Neefs, composto pelo maestro Ranieri Soares. O almoço entre amigos contou com a presença de parentes vindos da Holanda. Às 16h, foi celebrada uma missa por dom Mariano Manzana, padre Francisco, padre Josimar e Frater Freire. A organização desse momento contou com o apoio do grupo de jovens Juflac e de católicas importantes como D. Nenca e Tia Rosa.
À noite, foram feitas as maiores homenagens, numa programação coordenada pelo Núcleo Sertão Verde. O deputado estadual Fernando Mineiro entregou uma comenda pela dedicação do padre Pedro à formação do PT em Campo Grande. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais e as comunidades rurais agradeceram o apoio à organização associativista defendidas por ele.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário também fez sua homenagem. Autoridades, amigos e admiradores participaram da partilha de 50 bolos. A Prefeitura Municipal decretou ponto facultativo em homenagem ao mais ilustre filho da cidade.A Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), representada pela pró-reitora Ana Morais, fez lançamento de DVD sobre a história de vida religiosa e militância social do padre Pedro Neefs. No final de semana as homenagens prosseguem em Upanema, quando juntamente com o religioso, o supervisor do Projeto Dom Helder Câmara, Caramuru Paiva, o presidente do STR de Janduís, Raimundo Canuto, mais outros amigos serão agraciados com comendas da Câmara de Vereadores.
Recentemente, o padre Pedro Neefs escreveu artigo, dizendo da sua preocupação com o futuro climático e político de Campo Grande. No texto, ele externou sua preocupação com as secas que sempre surgem nas eras de 8 e falou do seu desejo de ver o Partido dos Trabalhadores assumindo o poder no município.
Padre Pedro é referência, por defender que religião sem ação social não funciona de forma eficácia. Segundo ele, o ser humano tem de estar sempre aberto para ajudar ao próximo, na perspectiva de transformar o ambiente em que vive.

Pedro, um sobrevivente da II Guerra
Petrus Marinus Maria Neefs nasceu em Bredá, na Holanda, em 1926, numa das épocas mais frias de todos os tempos, quando os termômetros marcavam até 10 graus negativos. A princípio, sua família achou que ele não sobreviveria e muitos até esperavam sua morte.
Vindo de uma família pobre, Pedro não teve muitas regalias em casa e logo cedo aprendeu com o pai a importância do trabalho. Segundo o padre, isso foi um ponto importante para o seu desenvolvimento como pessoa, tendo em vista que no trabalho ele conseguiu entender muito da vida.
Quando estourou a II Guerra Mundial, Pedro e sua família foram obrigados a se refugiar para fugir do fogo inimigo, principalmente depois que as tropas de Adolfo Hitler invadiram o território da cidade de Bredá, promovendo destruição e morte.
Da Holanda, ele e sua família tiveram de caminhar vários dias e noites sem parar para poder encontrar um lugar seguro. Segundo Pedro, o grupo de centenas de pessoas ainda era obrigado a se esconder a todo momento do ataque aéreo dos aviões alemães.
Pelo caminho, ele afirma ter encontrado muitas cidades em ruínas e dezenas de corpos em putrefação, situação que era superada mediante a necessidade de sobrevivência. O padre Pedro Neefs se emociona ao lembrar que, mesmo assim, ainda achava tempo para brincar com seus irmãos.
Durante toda a tormenta da II Guerra, Pedro Neefs e sua família se refugiaram em vários outros países, especialmente na França, que lhes conferiu abrigo, comida e logo depois condução para que todos voltassem a sua cidade de origem.Nos idos de 1950, Pedro ingressou na escola de formação católica e tempos depois foi convidado para viajar ao Brasil numa missão do Sagrado Coração de Jesus. Dessa viagem o normalista acabou aportando no Rio de Janeiro (RJ), depois transferido para Recife (PE), cidade de Abreu e Lima onde tempos depois de ordenou padre.
Sua história do Rio Grande do norte tem passagens muito marcantes em Apodi, onde foi pioneiro no trabalho de desenvolvimento local, a partir da Fundação para o Desenvolvimento do Vale do Apodi (FUNDEVAP). Só depois ele foi transferido para o município de Augusto Severo, hoje Campo Grande.
O presidente do Fórum de Entidades, Flaviano Monteiro, afirma que as lutas encampadas hoje pela sociedade apodiense ainda refletem no espírito desenvolvimentista do padre Pedro, considerado grande ícone do crescimento do município oestano.

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