quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Conheça o homem mais idoso de Upanema, o senhor Luiz Félix da Silva

A história de Seu Luiz Félix é bastante interessante por algumas peculiaridades. Segue algumas histórias e retalhos de sua vida. Com uma pressão arterial de criança, segundo os médicos, e um humor juvenil, ele teve com o Jornal de Upanema uma conversa agradável, com a ajuda de Maria Domingos da Silva, conhecida como Maria Chica.

Seu nome completo: Luiz Félix da Silva Nasceu em 25 de dezembro de 1904. É o único vivo dentre os seis irmãos. Tem alguns sobrinhos. Um deles mora em Brasília, outro em Campo Grande. Nasceu em Jucurutu, mas os familiares são do Ceará. Comprou uma propriedade no ano de 1939, por 5 mil réis, pelo custo de 8 bois, numa extensão de 409 braças. Só em 1951 que veio morar na Baixado Juazeiro, mas somente em 1964 que as terras foram demarcadas. Ainda tem a escritura da terra onde mora.

Durante aqueles anos, vinha plantar aqui. Vinha num jumento de Jucurutu e gastava um dia de viagem, chegando antes do sol se pôr. Trabalhava uma semana e voltava. Passou mais de dez anos nesse rojão. Tinha uma tropa de 5 burros. Plantava arroz e algodão. Este é o princípio de uma longa história de vida. Uma proeza para aquela época foi o fato de ele nunca ter fumado ou bebido. Plantava 4 quilos de milho. Plantava algodão e colhia 500 arrobas e vendia ao Major Segundo, que tinha uma máquina de descaroçar algodão a vapor. Das muitas histórias de Seu Luiz foi o fato de ter matado uma raposa com três facadas, por ter sido atacado. Ainda se lembra que se preveniu comendo uma cabeça de alho, para que não adoecesse da mordida do animal. Nunca estudou. O negócio dele era trabalhar no roçado. Hoje ainda só fala em roçado, diz Maria Chica.A escola mais próxima era três léguas. Isso dificultou sua entrada na escola. Perguntado se gostava de andar a cavalo, respondeu que campeava gado e ia pras festas de Santana, em Campo Grande em cavalo gordo mas não corria nas vaquejadas. Disse que a cidade daquele tempo era muito pequena e que ia para a feira montado em jumento. Dos comerciantes daquela época lembra de Luiz Lino, Venceslau, Zé Jirome. A casa onde mora hoje não é a mesma que comprou naquele tempo. As grandes secas foram em 1915 e 1919. Dava ao gado xiquexique. Contou que o major Quinca era muito brabo e obrigou um homem passar por baixo de uma cerca. Ele passou mas também obrigou o velho Quinca passar. Na seca trabalhava no broque do mato. Quando era novo, cuidava de ovelhas e tirava leite de “suas vaquinhas”. Hoje não tem problemas de coluna, não toma remédio de qualidade nenhuma. “Não anda muito porque não deixamos,” diz Maria Chica. Tomou remédio há uns cinco meses atrás. Adoeceu sem poder urinar. Ficou internado uns dias em Mossoró chegando a precisar ser colocado uma sonda, mas já tirou, pois teve uma melhora. Não podia ser operado por causa da idade. Contou ele que tomou um remédio em Mossoró que os beiços ficaram uma enfermidade só. Antes ouviu um zunzunzun de uma enfermeira que disse: “se esse velho não morrer...” Ele disse que escutou tudo. Elas pensavam que ele era mouco. A comida dele é carne. Passou mais de um ano sem comer feijão. “Por banana é pior que macaco”, diz Maria. Um dia pediu para comer feijão. Hoje come feijão com banana e carne, menos comer gorduroso e carne de porco, porque é carregado. Dorme todos os dias às seis. De manhã acorda às seis. Não toma mais café. Abusou. Só toma chá de hortelã. Recebeu uma pinta e aos poucos foi deitando as galinhas. Depois comprou uma polda e depois já possuía um lote. Conservava as vacas num curral, para não prejudicar a capoeira de algodão. Recebeu da mãe uma pisa, antes de morrer, por causa de uma traquinagem. Gosta muito de perfume. Depois de cada banho, diz: me dê o perfume!

MARIA CHICA

Ela é parenta distante de Seu Luiz, porém cuida dele há muitos anos, desde que ele ficou sem a mãe, com 16 anos. É considerado como seu pai. Tem o auxílio fundamental de Fátima de Nilson, que o acompanha no hospital. Mané Preto, cunhado de Maria Chica, também ajuda bastante no cuidado pelo velho. Ela é sempre personagem da política municipal, apesar de a família jamais terem se envolvido em política. Os pais nem votar, votavam. O primeiro político que eles votaram foi Vicente Rocha. Os apoios a políticos começou quando um dia Luiz Cândido chegou acompanhado de Dr. Segundo. Depois de cumprimentar a todos, falou que queria o apoio para Luiz Cândido, para prefeito de Upanema. Depois disso, sempre ficamos do lado de Seu Luiz Cândido. Assim, a cada eleição, Luiz Cândido fazia consultas a ela sobre os candidatos municipais. Na vez que ia apoiar Antônio Targino para vice de Luiz Cândido, este fez uma consulta a ela para que recebesse o seu apoio.

Fonte: Jornal de Upanema

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