Coluna Opinião publicada no Jornal O Mossoroense
Dezembro de 82, e com apenas seis anos de idade, fiz o trajeto entre
Mossoró e Upanema pela primeira vez.
A memória não guardou muitos
detalhes, mas o trajeto feito num veículo tipo Kombi, levava até a
origem da nossa família, o Sítio Salgado, situado entre as cidades de
Upanema em Campo Grande.
O roteiro pela BR-110, a única do país que não
detinha asfalto, seria cumprido inúmeras outras vezes, ao longo da vida.
Recém-chegado de Brasília, a comunidade encravada no tórrido sertão era
tida como um oásis de riqueza cultivada pelos patriarcas das famílias
Oliveira e Costa, local destinado às reuniões de família que marcaram
parte da infância e adolescência.
Da primeira viagem ficaram poucas
lembranças, mas durante anos e décadas, o trajeto entre Mossoró e
Upanema era feito sempre com o registro de fatos que entraram para a
nossa história, muitas destas passagens ligadas às dificuldade de acesso
ao nosso saudoso torrão.
A falta de asfalto praticamente desativou a
via, que foi gradualmente substituída pela Estrada do Óleo, estrutura
construída pela Petrobras como rota alternativa para o deslocamento de
sua frota.
No último domingo, decidi fazer o trajeto novamente após
quase 20 anos de "distância" da referida via. No fim de tarde de um
domingo ensolarado foi possível ver que pouco restou do que existia ao
longo das últimas três décadas. O marco divisório da metade do trajeto,
um bar onde era servido um saudoso queijo de coalho com doce de goiaba,
parece não mais existir. Deve ter sido 'engolido' pela falta de clientes
na "via da solidão".
As cerca de três horas que separavam o trajeto até
Upanema, se resumiram a cerca de 30 minutos. Do passado, ficaram apenas
as lembranças.
A conclusão da BR-110 enfim retirará Upanema do
isolamento geográfico imposto pela minguada estrutura de acesso. O
desenvolvimento chegará, com um atraso de pelo menos três décadas. Que a
nova via possa escrever novas histórias.
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