terça-feira, 30 de julho de 2013

DE VOLTA AO PASSADO

Coluna Opinião publicada no Jornal O Mossoroense
Dezembro de 82, e com apenas seis anos de idade, fiz o trajeto entre Mossoró e Upanema pela primeira vez. 

A memória não guardou muitos detalhes, mas o trajeto feito num veículo tipo Kombi, levava até a origem da nossa família, o Sítio Salgado, situado entre as cidades de Upanema em Campo Grande. 

O roteiro pela BR-110, a única do país que não detinha asfalto, seria cumprido inúmeras outras vezes, ao longo da vida. Recém-chegado de Brasília, a comunidade encravada no tórrido sertão era tida como um oásis de riqueza cultivada pelos patriarcas das famílias Oliveira e Costa, local destinado às reuniões de família que marcaram parte da infância e adolescência. 

Da primeira viagem ficaram poucas lembranças, mas durante anos e décadas, o trajeto entre Mossoró e Upanema era feito sempre com o registro de fatos que entraram para a nossa história, muitas destas passagens ligadas às dificuldade de acesso ao nosso saudoso torrão. 

A falta de asfalto praticamente desativou a via, que foi gradualmente substituída pela Estrada do Óleo, estrutura construída pela Petrobras como rota alternativa para o deslocamento de sua frota. 

No último domingo, decidi fazer o trajeto novamente após quase 20 anos de "distância" da referida via. No fim de tarde de um domingo ensolarado foi possível ver que pouco restou do que existia ao longo das últimas três décadas. O marco divisório da metade do trajeto, um bar onde era servido um saudoso queijo de coalho com doce de goiaba, parece não mais existir. Deve ter sido 'engolido' pela falta de clientes na "via da solidão". 

As cerca de três horas que separavam o trajeto até Upanema, se resumiram a cerca de 30 minutos. Do passado, ficaram apenas as lembranças. 

A conclusão da BR-110 enfim retirará Upanema do isolamento geográfico imposto pela minguada estrutura de acesso. O desenvolvimento chegará, com um atraso de pelo menos três décadas. Que a nova via possa escrever novas histórias.

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