segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Corrupção, economia, legitimidade e liderança: Mudanças para um país melhor‏


Querer levar vantagens é uma característica de muitas pessoas. Muita gente se sente muito feliz quando consegue obter algum resultado positivo para si, mesmo que para isso outras pessoas sejam penalizadas com perdas de diversos tipos. Exemplos de comportamentos dessa natureza são abundantes. Os banqueiros e dirigentes do sistema financeiro, por exemplo, buscam ganhos e lucros em suas operações mesmo que para isso possam ocorrer perdas significativas para muitos, inclusive para toda sociedade. Empresas dos mais diversos ramos praticam ações cuja ética é totalmente desprezada com o intuito de obter ganhos maiores do que o merecido causando prejuízos para pessoas, governo e para a sociedade. A falta de respeito e de ética e o amor à corrupção não estão presente somente no cotidiano de muitos agentes públicos, mas de muitos agentes que atuam no setor privado.

Embora tenha-se maior visibilidade e maior indignação contra a corrupção praticada pelos políticos, a vontade, a coragem e o destemor de se praticar a corrupção repousa na mente de muitas pessoas, no Brasil e fora de nosso país. Aqui, o poder que deveria dar o exemplo do comportamento ético é o que mais desrespeita o cidadão. Existem casos e mais casos de juizes, promotores, desembargadores, etc. que deveriam ser exemplos de homens e mulheres íntegros praticam os mais cruéis e inomináveis atos de corrupção, covardia e humilhação contra as pessoas comuns. Nesse poder, o corporativismo é praticado com a máxima eficiência resultando em poucas punições e pouquíssimos vão para cadeia. 

A imoralidade é tamanha que faltam pessoas sérias e de reputação irreparável para efetivamente liderar movimentos com legitimidade, coerência e ética contra todos os desmandos, roubalheiras, humilhações, desrespeitos às leis e às pessoas em nosso país.  Movimentos que ocorreram em muitos países e no nosso partem do principio que os fins justificam os meios e não é importante se os reivindicantes possuem reputação igual aos que estão sendo combatidos. Empresas e pessoas ricas ou da classe média tradicional protestam contra a corrupção, mas pagam mal aos seus funcionários, humilham as pessoas, se tiver oportunidade pode usufruir de benefícios para si à custa de perdas de terceiros o fazem, não respeitam às leis, etc. Para grande parte dessas pessoas vale a máxima: façam o que eu mando, mas não faça o que eu faço.

Essa situação não é privilegio somente do Brasil. Países como a Índia, China e outros, a situação é muito pior. Aqui, existe muita corrupção praticada por agentes públicos e por agentes privados, mas muita gente melhorou de vida, estando vivendo em outro patamar de padrão de vida. Nesses outros países, apesar de terem crescimento econômico maior do que o nosso, o fosso social é muito maior do que o existente no Brasil. A verdade é que muita gente não admite a corrupção praticada por outros e isso se tem traduzido pelas manifestações ocorridas pelo mundo afora. As manifestações ocorridas no mundo árabe surtiram efeito quase que imediato com a derrubada de muitos tiranos que humilhavam o seu povo. Na Europa e outros países em outros continentes protesta-se contra as políticas econômicas que os governos tiveram que adotar por conta da última crise financeira cujo epicentro foi no mercado financeiro norte-americano. E nos Estados Unidos protesta-se contra o próprio mercado financeiro. Aqui no Brasil, os parcos protestos estão sendo contra a corrupção política.

Mesmo que grande parte de quem esteja protestando seja desprovida de legitimidade dado que a maioria faz ou fariam o mesmo do que estão protestando, esses movimentos podem trazer benefícios extraordinários para a sociedade. Entre os vários benefícios, podem levar as pessoas a pensarem nos outros ao agirem em qualquer situação, passem a respeitar as leis e a ética seja uma companheira inseparável por toda a vida. Além disso, é claro, os tomadores de decisões nos âmbitos das empresas ou do setor público, sejam essas ações de grande magnitude ou pequenos atos, passem a agir dentro das leis existentes no país desprezando a ganância descabida na qual a ética e o respeito às pessoas passam ao largo. Diante de tudo isso, e considerando que os recursos são escassos e os desejos das pessoas insaciáveis e a comunicação entre as pessoas é simultânea, os líderes devem ser éticos, ágeis para atender às demandas da população, saber controlar o sistema econômico, notadamente o financeiro, e fazer com que as pessoas em geral não pratiquem atos de corrupção.

Enviado por 
Francisco Castro
Economista

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