domingo, 8 de novembro de 2009

ENTREVISTA: HUGO MANSO

Por José Mário e Xavier Gondim

Jornal de Upanema – Fale um pouco sobre o MDA.
Hugo Manso- historicamente, o Ministério mais conhecido, mais antigo do Brasil que trata da agricultura é o chamado Ministério da Agricultura da Pecuária e do Abastecimento - MAPA, um ministério que tem mais de cinqüenta anos, e ao longo dos anos sempre foi referência na agricultura e pecuária. No período militar nada evoluiu com relação a movimentos sociais, essas coisas eram muito travadas. Então, quando veio o período da abertura política, o movimento dos trabalhadores, os sindicatos começaram a questionar que precisavam ter uma política própria para o trabalhador rural, para o cara que não tem terra, ou que tenha uma pequena quantidade de terra, desde a reforma agrária a crédito, assistência técnica, políticas de modo geral que existiam, mas elas eram dirigido aos grandes proprietários, às grandes fazendas. Nesse período de início de redemocratização no país esse assunto foi muito falado, veio à constituinte, comentou-se isso, no governo de Sarney ainda chegou a ser criado o Ministério da Reforma Agrária, mais durou muito pouco tempo, e quando agora mais recentemente em 1996 no governo de Fernando Henrique Cardoso, fruto dessa pressão que vinha desde o início dessa redemocratização, desde a campanha das diretas, desde os anos oitenta, o governo de Fernando Henrique desmembrou esse MAPA, e hoje nós temos dois ministério que trata deste assunto. O MAPA continua existindo e foi criado o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), que trabalha exclusivamente com o agricultor familiar. Tem uma lei que já foi elaborada agora no governo de Lula que define o que é esse agricultor familiar, não é apenas a família que tem uma pequena quantidade de terra, é a família que vivi, economicamente falando, da renda desta terra. Por exemplo, o sujeito é comerciante, é um servidor público, um petroleiro, ele até pode ter uma pequena propriedade, mas ele não se enquadra na lei como agricultor familiar porque ele tem uma renda que tem origem em outro trabalho, no serviço público, no comércio, em um trabalho assalariado urbano. Para você ser considerado agricultor familiar sua renda tem que vir oitenta por cento da terra de onde você trabalha, e também tem um limite de renda, e limite de área, de tamanho de terra. Essa definição foi importante porque se iniciou no governo de FHC pequeno, com poucos recursos, mais com a vitória de Lula em 2002 houve todo um direcionamento, a partir do programa Fome Zero, dos programas de bolsas, programas de ordem de inclusão social de um modo geral, no sentido de atacar, no sentido de tentar eliminar a pobreza, a fome, a miséria em nosso país, e a gente sabe que principalmente no Nordeste, que é a origem dessa fome, a origem dessa miséria, dessa pobreza esta na questão da terra, na estrutura fundiária, na falta de tecnologia. As vezes até a pessoa tem uma propriedade, mais não consegue uma renda, porque é muito difícil no semi-árido você produzir, você ter renda a partir da agricultura, uma região que chove pouco, uma região que chove com irregularidade, que temos problemas com distribuição de água, o problema de assistência técnica que é gravíssimo, porque via de regra as pessoas que vivem no campo, que moram na terra, não tem acesso a escola, então para se estudar no Brasil você tinha que sair. Em Upanema, por exemplo, um sujeito que queria fazer um curso que quis estudar, ele quando completou dose, treze, quatorze anos, ele quis estudar teve que se afastar da atividade da agricultura para poder ir para escola, se o pai tinha um dinheirinho, uma condição, fazia um esforço para manter esse menino ou então se o menino era muito pobre o menino tinha que ser muitíssimo dedicado para conseguir chegar a Mossoró, a um estudo, a um nível superior, para conseguir construir uma carreira própria. Quem ficava no campo era exatamente aquela pessoa que nunca estudou, que não teve condições de oportunidade na cidade grande, então a vida rural ficou sempre muito atrasada. A gente viveu uma época recente onde se dizia que o moderno era a cidade, era o cara inteligente, o cara esperto, o cara desenrolado, ele ia para cidade. O que ficava na terra era o bronco, o jeca tatu, o caipira, o lesado, era o cara mais frágil digamos assim, então a política do governo de Lula a política desse período recente nosso, é no sentido de inverter essa lógica, valorizar o homem a mulher que está no campo e para valorizar você tem que dar condições de vida, tem que dar qualidade de vida para ele.
J.U. Quais as diferenças do governo de FHC para o governo Lula com relação ao MDA?
H.M. - O que aconteceu foi que Lula recebeu o governo de Fernando Henrique em 2003 com um orçamento para a agricultura familiar de 2,3 bilhões de reais, era esse o dinheiro que tinha para o ano. Agora em julho Lula aprovou para o segundo semestre de 2009 e o primeiro semestre de 2010 15 bilhões, pois foi crescendo de dois, para 3, 5, 6, 8, e agora esta em 15 bilhões e ainda vai ter o outro orçamento que Lula vai fazer para concluir os oito anos ele ainda vai ter o do próximo ano do final de 2010 para o começo de 2011. Então Lula vai entregar mantido o ritmo de crescimento, hoje está em 15 provavelmente no próximo ano vai estar em 18 a 20 bilhões. Hoje já subiu mais de sete vezes, para concluir o governo de Lula vai subir de oito a nove vezes, você vai sair de 2,3 bilhões e vai para 18, 19 bilhões. Isso é dinheiro para desapropriação de terras para assentar reforma agrária, é dinheiro para compra, aqui em Upanema vocês sabem que na entrada da cidade tem um assentamento que esta sendo construídas as casas que é uma política do nosso ministério. Ali foi uma compra, o proprietário vendeu, recebeu no dinheiro e aquelas famílias vão pagar em quatorze anos, financiados pelo banco a juros muito baixos, então quem pagou foi o governo, o banco pagou ao proprietário á vista e repassou para aqueles agricultores em quatorze anos e agora são trinta e tantas famílias que estão assumindo em uma política claramente de favorecer o pobre, que só tem acesso aquele modelo quem tem uma renda baixa, uma política de fortalecer a produção de alimentos, porque a Idéia de você colocar trinta famílias, quarentas famílias, no que antes era propriedade de apenas uma família é exatamente você ter um acréscimo de criação de animais, de galinhas, de gado, caprinos, abelha, de produzir hortaliças, frutas, feijão, milho, então essa é a política.
J.U. O MDA também participou das Festas de emancipação política de Upanema?
H.M. - Na festa de emancipação política, na semana cultural aqui em Upanema, nós tivemos um ônibus, passou dois dias em Upanema fazendo a documentação de pessoas. Esse é um programa que quando nós começamos o trabalho no governo Lula nós começamos a abrir oportunidades, melhorar o crédito no banco, oferecer políticas para compras de terras, e ai nos deparamos com a coisa inusitada em que as pessoas não tinham como fazer um contrato com o banco para tirar um financiamento ou para comprar uma terra, uma vaca, um garrote, ou um cabrito, porque não tinha documento. Nós tiramos carteira de identidade de pessoas com mais de sessentas anos de idade, pessoas, mulheres que já podiam estar se aposentando no INSS e não tinham se quer identidade, pois nunca precisou, foi vivendo, nasceu e se criou no sitio foi se criando por lá e nunca precisou de documento, do CPF. Hoje você só faz qualquer coisa se tiver o CPF até para você ter direito a algum beneficio do governo em um programa desses de bolsas de uma renda qualquer, para participar você tem que ter essa documentação essa, papelada, então tivemos que fazer isso.
J.U - Como está à presença do MDA nos assentamentos aqui em Upanema.
H.M. - O assentamento da reforma agrária do crédito fundiário é uma das políticas mais fortes do MDA. É a política que você dá as famílias que nada tem, uma terra, uma casa, um crédito para ele começar uma vida produtiva. O município de Upanema hoje tem quatorze assentamentos, são mais de mil famílias que moram nos assentamentos hoje em Upanema, são mais de mil casas que foram construídas, com cisternas, essas casas hoje estão sendo reformadas, ampliadas, todas essas casas estão melhorando os banheiros, colocando cerâmicas, estão fazendo alpendre, eu convido inclusive a população de Upanema para irem a um assentamento aqui da cidade para ver como é que estar, passar no sindicado da cidade na segunda-feira para ver como é dinâmico aquele sindicato, como circula gente por ali. Upanema por mais que tenha petróleo, que tenha um comércio modernizado, por mais que tenha empresas de construção bem sucedidas, Upanema é um município agrícola, a maioria da sua população é agrícola, tem no roçado sua sobrevivência, e ai a importância do Ministério do Desenvolvimento Agrário, das políticas do governo de Lula para essa área são muito importantes, muito significativas.
J.U. - Upanema hoje tem a terceira maior barragem do Rio Grande do Norte. Existe algum projeto do MDA com relação à barragem de Umari?
H.M. – Este é um item que está atrasado. Essa barragem foi construída no governo de Fernando Henrique, a de Santa Cruz em Apodi e a de Umari aqui de Upanema. Este é um dos itens que o governo de Lula avançou pouco, nesses sete anos de governo nós não temos uma política de aproveitamento dessas águas bem definida. Nós do MDA estamos com um projeto tramitando lá em Brasília, que foi negociado com o a secretaria de agricultura do município ainda quando Zé Carlos era o secretário, no início do governo da Maristela, no sentido de nós adquirirmos uns kits de irrigação para os pequenos proprietários, agricultores familiares, que tem ao longo do rio, tem uma série de propriedades pequenas que tem, são meio triplas de terras como agente chama, mais são áreas pequenas que vão até o leito do rio. Então a gente tem um intuito de fazer uma agricultura irrigada porque para nós aumentarmos a produção de alimentos do jeito que o mundo cresce, a população cresce você tem que ter tecnologia, não dar mais para pensarmos na agricultura como nossas avós praticaram com uma enxada, capinadeira, com um boi, desmatando e tocando fago na mata para fazer plantio para desmatar. Upanema foi desmatado pelo algodão, lá nos anos cinqüentas isso aqui era uma mata, foi saindo essa mata para se plantar algodão, o algodão entrou em crise e a gente não substituiu esse algodão. Hoje uma preocupação muito grande do governo de Lula e do nosso Ministério, é associar nos assentamentos qualidade de vida para esse povo, porque não dar para você pensar em confinar o sujeito e dizer, olhe você vai morar lá no sitio, lá no assentamento e vai se lascar lá como pobre para o resto da vida, ninguém quer isso, á juventude não vai aceitar, o menino quando completar dezoito anos ele vai correr novamente para cidade, então se nós não cuidamos de levar informática para o assentamento, internet, se o blog de vocês não entrar no assentamento, se aquele jovem com dezoito anos não tiver uma escola de nível médio, se ele não tiver oportunidade de entrar em uma universidade, ele vai embora em busca disso e só uma parte vai conseguir, a outra parte vai se perder no meio do caminho, que essa é a história dos jovens nos anos sessenta, setenta, oitenta, saíam de Upanema em busca de melhoria e uns conseguiam sucesso e outros se perdiam no meio do caminho. Então o projeto que nós temos hoje, é o projeto de fixar as populações em seu próprio ambiente, respeitando o meio ambiente, o desmatamento tem que ser feito sob controle, à irrigação tem que ser feita sob controle, o manejo das águas tem que ter critérios, e as pessoas que moram no campo tem que ter qualidade de vida. O quê que o governo Lula fez, eu sou professor do CEFET que hoje se transformou IFRN, eu sou funcionário público concursado e fui cedido do Ministério da Educação para o MDA, o CEFET completou agora em setembro cem anos em todo Brasil, e durante noventa anos, oitenta e tantos anos o CEFET do Rio Grande do Norte só existiu em Natal, no governo de Fernando Henrique pela força do petróleo foi aberta uma escola em Mossoró porque o petróleo exigia uma escola técnica para formar trabalhadores para poder tocar essas máquinas da Petrobras porque não tinha gente que soubesse operar essas máquinas. Fernando Henrique é um homem que teve estudo, que morou fora do país, um homem que tinha uma visão de cima uma visão de mundo, o problema é que ele tinha uma visão de desenvolvimento, uma visão restrita apenas a elite, Lula que saiu da pobreza, não teve acesso a escola, a universidade, viveu, passou fome, porque ele passou fome, então tinha uma visão muito mais ampla e ele disse isso aqui em Ipanguaçu agora quando ele veio inaugurar o novo CEFET. Então a oitenta e tantos anos o CEFET era Natal, pela força do petróleo veio o segundo em Mossoró e em seis anos o governo de Lula levou de 2 para onze escolas, com a mesma qualidade, fazendo concurso público, pagando salário de razoável a bom aos professores, abrindo inúmeras vagas, pensando em que, hoje nós temos um CEFET em Apodi, então a juventude de quinze anos de Apodí não precisa sair de Apodi para Natal, para fazer um curso decente, pode fazer lá, tem outro em Pau do Ferros, Caicó, Ipanguaçu, Santa Cruz, Currais Novos, João Câmara, é uma loucura, tem CEFET em todo canto. Então isso possibilita que o filho de uma pessoa de origem humilde, pobre de Upanema, possa fazer, por exemplo, hoje medicina em Mossoró, agronomia pertinho de casa, não precisa o que outras gerações tinham que ir para Recife, então apenas ia um filho de Upanema para Recife porque era muito caro.
o que eu queria dizer é o seguinte, na parte mais política como representante do governo, o Brasil além de ser muito grande ele nos foi entregue de 2002 para 2003, de forma muito desarrumada. O Brasil é um país que historicamente é muito subordinada à política dos Estados Unidos e da Europa, um país que produz matéria-prima e venda a matéria-prima bruta e tem pouca indústria. É um país que a gente chama de economia dependente. Durante sete anos o governo do presidente Lula tem feito um esforço muito grande de mudar a realidade política e econômica do país. Esse programa de agricultura familiar, programas de bolsas, de expansão dos CEFET, a ampliação de vagas nas universidades federais, a expansão do PSF, Programa da Saúde da Família, de chegar mais e mais na base da sociedade, ele ao colocar investimento recursos, esse programa minha casa minha vida que é um programa forte de casas para população pobre ele visa duas coisas: primeiro do ponto de vista social, dá qualidade de vida para as pessoas, as pessoas precisam ter uma casa decente para morar, esse é um aspecto, o outro aspecto é um dinheiro que fica circulando no município, nos comerciantes de telhas, areia, o assentado recebe a casa para morar, para viver e o comércio se movimenta, isso então dá uma dinâmica na economia, porque o dinheiro que entra no cara que vende tijolo e telha vai depois para o cara que vende alimento, que vende a máquina fotográfica, vai para o cara que vende celular, o restaurante, vai parar lá em Nil na churrascaria, dentro da economia local.
J.U. - Upanema é uma das cidades que tem a carnaubeira como uma das fontes de renda, e nós sabemos que o desmatamento começou com o algodão, e hoje a fruticultura irrigada o pessoal desmata muito a carnaubeira, que se acabar a carnaubeira no Brasil, acaba em todo mundo, e a carnaubeira em Upanema hoje é muito devastada. O MDA tem algum projeto nesse sentido?
H.M. - Nós temos um trabalho muito forte com artesanato. O Ministério tem uma linha muito importante que é o fortalecimento da mulher na agricultura familiar, o papel da mulher na agricultura familiar é muito destacado. Na história da humanidade quem é responsável pela agricultura é a mulher, foi à mulher quem desenvolveu a técnica agrícola, o homem no início da humanidade ele era caçador, ele saia para caçar, saia para brigar com os animais para trazer comida, e a mulher é quem observava a natureza e foi quem primeiro desenvolveu a agricultura, foi quem primeiro viu que caindo um grão de milho com três meses depois você já tinha a espiga para comer, então o papel da mulher é muito importante e o governo tem uma atenção muito forte a esse trabalho. O artesanato de carnaúba é um artesanato muito rico, muito forte, aqui em Assu, nós temos um grupo chamado Carnaúba Viva que tem feito um bonito trabalho com a carnaúba, aqui em Mossoró tem outro grupo chamado Rede Chique-chique que também potencializa o trabalho do artesão, da artesã e não é uma atividade porque é bonitinho, é porque da renda.
J.U. - Em Upanema temos isso?
H.M. - Em Upanema não temos isso, não temos um trabalho mais articulado com o artesanato, mais podemos vir a ter, precisamos dele, linhas para isso nós temos. Algumas mulheres aqui em Upanema, no P.A. de Palheiros III fornecem esteiras para o Carnaúba Viva de Assu. Veja a parte ambiental, na hora que você chega para um sujeito que tem na propriedade dele ou na região dele duzentos pés de carnaúba e diz: rapaz tem um jeito de ganhar dinheiro com esses duzentos pés de carnaúbas, ele não vai desmatar, ele vai até replantar, mais ai você diz: não a carnaúba demora muito tempo para se desenvolver, mas você tem que fazer projeção a longo prazo, não é porque você não vai colher nos três, quatro, cinco anos que não deva plantar, tem que plantar, agente planta feijão e milho que colhe dentro de poucos meses, mais agente tem que plantar milho, sabiá, aroeira, carnaúba mesmo sabendo que demora muito, mais por uma questão de estratégia, de sobrevivência não da minha pessoa física mas da humanidade, da minha família, do meu filho, do meu neto um dia, então temos que ter essa visão. Imagine se de uma hora para outra toda população rural do país resolvesse morar na cidade grande, nós iríamos conflitos grandes, primeiro que iria faltar comida e o segundo que iria explodir a violência com crimes, assassinato. Porque morre tanta gente em Natal, morre um jovem por dia vítima de assassinato, de violência, queda de moto, acidente de carro, facada, tiro, porque tem muito jovem em conflito, sem emprego, sem opção de vida. Se você tivesse essa juventude posicionada na zona rural, nas pequenas cidades, na média cidade com condições, recebendo educação, participando de movimentos sociais, reuniões na igreja, reunião no sindicato, atividades na escola, você teria outra dinâmica com propósito, se ganhasse o dinheirinho dele, que pudesse no final de semana curtir seu forró, ir a sua vaquejada, curti a sua brincadeira com recurso que ele próprio pudesse gerar. Agora imagine hoje quem tem um filho aqui em Upanema no dia que chega essas bandas conhecidas que vem fazer a festa na praça o menino quer ir, e ele quer uma roupinha legal para ir, e um pai que tem dois, três, dez filhos não consegue colocar essa roupinha legal em todos, e ai vem o conflito dentro de casa e esse conflito gera uma ruptura, ai que o governo, o Estado brasileiro tem que entrar, acolher essa família, esse jovem, esse rapaz, essa moça precisa ter uma escola boa, uma renda, uma estabilidade para projetar o futuro dele.
J.U. O programa Arca das Letras também faz parte do MDA e como está sua atuação aqui no Rio Grande do Norte?
H.M. - O Rio Grande do Norte tem, eu não sei precisar o número exato, mais de mil Arcas das Letras. É um programa pequeno que, através de uma pequena biblioteca, serve para incentivar a leitura na comunidade. São duas coisas que andam em conjunto. Agora recentemente aqui em Upanema foi inaugurado um centro de inclusão digital, inaugurado pela EMATER, o vice-governador Iberê Ferreira esteve aqui inaugurando esse centro. É um dinheiro do Governo Federal, porque agente sabe que, eu estou falando com um jornal que tem blog, que hoje Upanema tem mais de trinta blogs, a juventude gosta disso, esse é um meio de comunicação interessante, dinâmico, agora quem tem condições de comprar um computador por mais de quinhentos reais, fazer uma assinatura de internet, poucas pessoas, então cabe as escolas, ao governo, as prefeituras oferecer isso, democratizar isso inclusive na zona rural. Nós temos tecnologia para isso, já estar previsto em vários assentamentos do RN.
J.U. - Qual a previsão de instalar escolas de computação nos assentamentos de Upanema?
H.M. - Em Upanema não temos nenhuma, mas temos previsão de fazer um centro de inclusão digital, agora eu não sei precisar em qual assentamento, mas é um projeto que nós temos. Nós estamos inaugurando um aqui em Campo Grande, na comunidade de Bom Jesus, um centro de inclusão com mais de dez computadores de ultima geração, computadores bons, já treinamos as pessoas, então é um trabalho que estar sendo feito.
J.U. – Como anda o Plano Safra.
H.M. - O que é o Plano Safra é nosso? É o plano de aplicação de recursos, uma parte deste dinheiro é aplicada através de financiamentos, então o agricultor vai até o Banco do Brasil, ou do Nordeste e faz um financiamento com taxas de juros muito baixas. Hoje nós estamos trabalhando com taxas de juros até de 2% ao ano, praticamente não ter juros. Nesses assentamentos na entrada da cidade são juros menores ainda, de 0,5 por cento de juros ao ano, meio por cento ao ano e faz parte do Plano Safra, então o plano é esse.
J.U. - Esses recursos podem vir para assentamentos, associações ou pode ser individual?
H.M. - Tem para associação e o individual. Temos diversos modelos de acessar esses recursos, via cooperativas, que é o mais forte para retirar volumes de dinheiros.
J.U. – Faça uma avaliação do governo de Lula.
H.M. - O governo de Lula na minha maneira de ver, eu sou filiado ao PT desde 1980, sou da direção do partido aqui no Estado e participo do governo, então eu sou digamos assim, um elemento que ajudou a construir isso. E eu tenho muita clareza que o governo de Lula fez muitas coisas positivas, mas tem algumas áreas que não avançou suficientemente, por fatores políticos e por fatores culturais. Fatores políticos, Lula venceu a presidência mas não ganhou todos os governos dos estados, ele tem oposição, ele não tem maioria no senado e na câmara, então ele tem que negociar com pessoas que pensam diferente dele, então como Lula propõe a Bolsa Família, a Fome Zero e ele propõem destinar uma quantia de dinheiro para isso, as indústrias reclamam, os grupos poderosos da economia brasileira dizem opa! Ta tirando dinheiro da gente, não é assim, não quero, então têm que haver uma mediação, esse é um dos elementos políticos que o governo não conseguiu executar tudo quanto pensou. Outro aspecto é o cultural, não tem como, humanamente é impossível, você fazer com que a economia cresça se a população não está preparada, se não tem cultura para isso, se não tem formação. Hoje no Brasil faltam engenheiros, técnicos, médicos, assistentes sociais, jornalistas, faltam profissionais que tenha competência para fazer as coisas, não é todo mundo que sabe criar carneiro nem cabra de leite, você tem que treinar as pessoas para isso, não adianta só você dizer toma aqui esta terra e vá criar carneiro e cabra, porque o sujeito sem formação e sem dinheiro ele se esborracha, então ele tem que ter uma assistência técnica do lado dele. O que o governo fez, ele pegou a antiga ESAM, que era uma escola de agronomia em Mossoró e transformou em uma Universidade Federal, agora vai construir uns campos em Angicos, outro em Caraúbas, pegou o CEFET e multiplicou, pegou a EMATER que estava se acabando e o Governo Federal injetou muito dinheiro no governo da governadora Vilma para dinamizar a EMATER, que ainda não está 100%, mas para que esteja ainda precisa de mais gente. Upanema tem quatro ou cinco funcionários, precisava de quinze ou vinte. A Secretaria de Agricultura de Upanema tem quatro ou cinco pessoas, precisava mais de quinze ou vinte para poder crescer as coisas.
J.U. - Deixe uma mensagem para os leitores.
H.M. - Olhe eu não conhecia o jornal de vocês impresso, eu conheço o blog, eu acesso lá em Natal, e uma coisa que me chama atenção não só em Upanema mais aqui na região oeste é essa força dos blogs, tem muito blog por aqui em Upanema, Campo Grande, Janduis, Apodi, Patú, Messias Targino, todo mundo tem blog. Então a mensagem que eu queria deixar para o leitor do J.U e para o pessoal que acessa o blog é no sentido de se aprofundar na leitura, para nós conseguirmos algo novo tem que ter uma interpretação. Quero parabenizar a equipe que faz o jornal, porque não é fácil fazer jornal, e quero parabenizar quem está lendo o que estar escrito aqui agora é um vitorioso também, porque esta fazendo esforço de reflexão, acho que é assim que a gente dá um salto. Upanema é uma cidade que tem um potencial enorme, pela proximidade com Mossoró, nós estamos trabalhando para BR-110 se viabilizar ainda no governo de Lula. O petróleo deixa uma quantia importante em dinheiro por aqui, e essa proximidade com Mossoró e com Assu posiciona bem a cidade, tem ainda este problema com a estrada que agente espera solucionar até o final do governo de Lula, e tem uma riqueza muito grande com agricultura familiar com essa barragem e com terras muitos férteis, então se nós trabalharmos bem essa barragem de Umari em cima destas terras nós temos a condição de se torna um grande fornecedor de alimentos, de artesanato, e de produtos mais elaborados para o mercado consumidor de Mossoró, Assu, Natal e Fortaleza. Upanema pode produzir mel, artesanato, feijão verde, castanha de caju, peixe em grande quantidade e não só vender em natura, mais processar, congelar, embalar, preparar o produto para venda.
E eu queria agradecer mais uma vez a oportunidade dada pelo J.U e queria divulgar a nossa página que é WWW.MDA.GOV.BR, é simples, lá tem um mundo de coisas inclusive um programa muito importante que agente atua aqui chamado território da cidadania, que Upanema esta dentro do território no sertão do Apodi, juntamente com Campo Grande, Caraúbas, Messias Targino, Janduis, Felipe Guerra.

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