sábado, 14 de março de 2009

SAIBA QUEM FOI CALAZANS FREIRE

Quem mora aqui em Upanema sabe que temos uma escola e um estádio de futebol com o mesmo nome: José Calazans Freire. As duas instituições fizeram nome muito além da fronteira da cidade através dos feitos de seus membros.

Toda a fama, para sermos mais claros, é ligada ao futebol.

O estádio, primeiro localizado onde hoje é a Assembléia de Deus, por trás da Av. Manoel Gonçalves, recebeu vários craques de cidades da região como Mossoró, Itajá e Assu, além dos jogadores daqui como Dequinha Bezerra, Neran Cabral, Nonato de Roseno, Valdeí, Miau e tantos outros. Depois o estádio foi transferido para o conjunto COHAB, nas imediações do cemitério público. Hoje não é utilizado como antes, mas alguns jovens ainda se divertem por lá. Não há registros oficiais, pelo menos do nosso conhecimento, que aquele estádio tenha sido desativado.

A escola foi criada no início de 1989 com o nome de Escola Cenecista de 1° e 2° graus José Calazans Freire, na Av. Antonio Vitorino. O sistema cenecista foi introduzido aqui pelo saudoso prefeito Luiz Cândido Bezerra. Funcionava através de bolsas de estudo e também das contribuições dos sócios. O prédio da Escola Municipal Neo Bezerra foi uma doação da prefeitura à CNEC, na administração do prefeito Zé Lopes.

Através do decreto 11.415 e processo de nº 19.907/91 do governador José Agripino, datado de 11 de agosto de 1992, o nome da escola deixou de ser “Escola Cenecista de 1º e 2º graus José Calazans Freire” para “Escola Estadual José Calazans Freire – Ensino de 1º e 2º graus”. Naquela época ainda continuou no mesmo endereço.

Em 1990, a CNEC fez eleição para a renovação da presidência, que era ocupada por Luzia Pereira de Oliveira, esposa de Luiz Cândido. Duas chapas disputaram o pleito: Luiz Jairo e Luiz Gonzaga Gondim. A eleição bem disputada, teve como vencedor o professor Luiz Gonzaga, que também era vereador na época.

No final de 2007, a escola mudou de endereço, para a Av. Getúlio Vargas, em novas instalações, através do Projeto Alvorada com contrapartida do governo do Estado.

Mudou o endereço, mas não mudou o nome.

A escola José Calazans é conhecida e respeitada em todo Rio Grande do Norte através de seus atletas, nas várias modalidades, quando os meninos participam dos JERN’s – os famosos Jogos Escolares do Rio Grande do Norte.

QUEM ERA JOSÉ CALAZANS FREIRE

O nome da escola e do estádio, como dizíamos, é muito conhecido tanto aqui quanto lá fora. Mas o homenageado é totalmente desconhecido desta geração. Só alguns privilegiados de 50 anos acima é quem tem uma noção quem era esse ilustre desconhecido, mas um homem que fez história.

Conhecido pelos familiares e amigos como Zezé ou Zé Freire, José Calazans militou em vários setores da sociedade upanemense da segunda metade do século passado.

Tendo em vista o quase total desconhecimento desse personagem, é que o JU foi procurar uma pessoa que pudesse falar um pouco dele. Ninguém melhor que sua filha, a senhora Dapaz Freire, que conheceu Upanema bem diferente da de hoje. Ela, que fazia locução da amplificadora da cidade, viu a chegada do motor. Além de falar sobre seu pai, ela declinou outros assuntos como os transportes da época, a energia, seus familiares e amigos.

Perguntamos por qual time ele torcia. “Ele torcia pelo Botafogo. Naquela época, em 1958, aqui em Upanema quase ninguém tinha rádio, geladeira. Sei de uma pessoa que tinha um rádio perto do mercado e ele ia pra lá torcer pelo Brasil. Vibrava, como o povo faz hoje. Ele saía no meio da rua gritando. Minha mãe dizia: José, tenha vergonha! Ele dizia: Que vergonha, coisa nenhuma! O que eu quero saber é que estou torcendo pelo meu time. E não dava nem bola. Ele era fanático por futebol.”

Ela falou também de como era a energia elétrica: As luzes eram acesas às seis da noite e quando era dez horas as luzes se apagavam. Dava o primeiro sinal, depois dava o segundo e depois todo mundo corria pra casa.

Ele ficou conhecido por correr em vaquejada, promover campeonatos de futebol, apitar jogo, mas para quem o conheceu, que o marcou mesmo foi o fato dele ter sido o segundo tabelião da cidade. Ele foi tabelião de Upanema entre a década de 40 pra 50, passado por Francisco Marques, pai de Milton Marques, hoje reitor da UERN.

“Tudo começou assim: Um juiz em Campo Grande que cismou com papai pra tirá-lo do cargo. Doutor Segundo Veras, que era deputado, se hospedava lá em casa, disse: Zé Freire, coloque sua filha no seu lugar pra você não perder. Primeiro mande sua filha pra Natal fazer um curso. Ela será nomeada, depois ela faz o serviço no seu lugar, como tabeliã. Fiquei fazendo esse serviço de 1956 a 1958. Depois, casei-me e fui embora para o Maranhão. Depois papai passou o cartório para Artemísio Lopes.”

Como foi a passagem do cartório?

Foi passado assim de boca. Ele não sabia ganhar dinheiro com cartório, pois muitas vezes ele fazia de graça para as pessoas. Ele entrou pobre e saiu pobre. Se as pessoas não tinham dinheiro, ele não deixava de fazer o registro.

Muitas vezes ele próprio botava o nome das pessoas porque elas não traziam o nome de casa. Outras vezes eles queriam botar alguns nomes estrambólicos.

Ele fazia o registro de nascimento e até escritura ele fazia de graça para as pessoas.

Uma vez papai chegou lá em casa e disse: esse povo tem cada uma! O que foi? Mamãe perguntou. Ele respondeu: Vieram registrar um nome tão esquisito. (Ela não lembra qual era esse nome esquisito). E o que tu dissesses? Eu não registrei e botei outro.

Chegava alguns e diziam: bote aí qualquer nome. Não traziam nem o nome do filho nem dinheiro.

Ele gostava de que mais? Perguntamos.

Gostava de correr em vaquejada. Não era ele que promovia, mas ele gostava muito de vaquejada. O local era onde hoje é a Rua Salviano Florência, a rua da Delegacia.

Ainda sobre o futebol, “ele era apaixonadíssimo, mas nunca vi ele jogar. Ele fazia a vez de um juiz, de um treinador, mas de jogador, não.” Diz a filha.

Ao ser inquirida sobre os jogadores da época, ela disse que só se lembra de Gilberto do Poré.

Ela também se recorda onde morava. Era na Rua Salviano Florêncio.

E os nomes dos times?

Os times não tinham nomes. Era time do Poré, time de Upanema.

Quantos filhos tinha Zé Freire?

Éramos três filhos: Gilza, que mora em Brasília, Evilásio, que depois foi embora ainda um rapaz novo e posteriormente faleceu no Maranhão. E eu, naturalmente.

Qual era o transporte para o Maranhão?

Naquele tempo íamos para lá num misto ou pau-de-arara e passávamos por Mossoró, depois ia para Fortaleza.

Como era o nome de sua mãe?

Luzia Elvira Freire, conhecida como Luquinha. Ela faleceu e foi sepultada no Maranhão. Papai morreu aqui quando veio passear. Num dia antes de voltar para o Maranhão, ele morreu. Tinha 74 anos de idade. Nasceu em 27 de agosto de 1894.

Sobre o que ele estudou, ela disse:

Muito pouco, mas era uma pessoa que parecia ser letrado.

Que mais lembranças tem dele?

Lembro-me que Gildenor, Canquim, Anterim, Airton, Gilvan iam para o cartório discutir futebol, política.

E na política ele foi candidato?

Não.

O que se lembra de sua mãe?

Ela era costureira. Ela era evangélica, da Assembléia de Deus. Não discutia com ninguém.

E o estádio de futebol, como foi que colocaram o nome?

Só me lembro de um campo que papai fundou ali hoje perto da casa de Jaime.

Consultando populares, um disse que uma das paixões de Zé Freire era a cidade de Upanema. Sobre o futebol, o mesmo disse que Zé Calazans gostava tanto de futebol que era daqueles que torce do lado de fora com uma intensidade tão grande que dava até vontade de entrar no campo em plena partida e ajudar os seus jogadores.

Sobre o autor do projeto que colocou o nome da escola, não é do nosso conhecimento. Na religião, era da Irmandade do Coração de Jesus
Fonte: Jornal de Upanema

3 comentários:

Anônimo disse...

Só para complementar: José Calazans Freire morava na rua Manoel Bezerra (onde hoje mora Zé Mário).

Anônimo disse...

É meu caro Silva Júnior!
Dessa vez, você superou todas as expectativas! Estou mui feliz em ler essa postagem. Confesso que sempre tive essa curiosidade. Obrigado meu amigo. Realmente, estou muito feliz!

Anônimo disse...

Não tem nada haver você colocar diputa de Presidência, isso não é cultura seu babão. Porque você não colocou onde José Calazans Freire, como bem citou Carlos Lopes onde ele morava que é até mais importante, mas sua vontade é de denegrir a imagem de Luiz Jairo que com certeza você não vai conseguir com esses comentários pobres. O povo vai enxergar muito em breve quem é Luiz Jairo. Já tem muita gente sofrendo e arrependido porque não votou nele, fique sabendo disso.