terça-feira, 6 de maio de 2008

ENTREVISTA COM CONCEIÇÃO LINS

J.U – Foi feito uma enquete na qual a população de Upanema apontou a saúde como o principal problema. A senhora como secretária, como ver esses dados?

Conceição Lins - Quantos aos dados, eu acho que não é verídico. Upanema é um município que existe uma equipe com cinco médicos em PSF. Raramente a equipe fica desfalcada de médico. É o que está acontecendo agora: um desfalque de uma equipe, mas isso é muito difícil. E vejo o empenho que têm todas as equipes de PSF, tanto dos enfermeiros quanto dos outros profissionais. E a prova são os índices que nós conseguimos a cada ano. Então nós temos esses índices para mostrar. São pactuações feitas a cada ano. Todo município faz pactuação. Upanema não é diferente: faz a mesma coisa e esses índices.


JU - E Vocês atingem os índices?


C.L - Nós sempre atingimos. Se é vacina, fazemos campanhas com as equipes de PSF as vacinas rotineiras, e atingimos todas as metas exigidas pelo Ministério da Saúde. Fazemos campanhas na parte de pacientes dermatológicos como hanseníase, tuberculose, etc. Então todos esses índices o município consegue atingir. Como é que se explica que está pior?


J.U – Como a senhora explica essa resposta da população?


C.L – Eu acho que devido às pessoas, não é só em Upanema não. Elas são muito acostumadas a uma medicação. Eles não trabalham com prevenção na parte da educação. Eu tenho tido com as equipes de PSF que a educação, que é uma meta do indivíduo, exigida pelo Ministério, todo município tem que trabalhar. É uma coisa que é obrigada. Nós já compactuamos educação permanente em todos os setores como hanseníase, tuberculose, gestante, e com todos os setores. Em Upanema não é diferente. As pessoas estão acostumadas a sentarem-se em frente a um doutor e quererem um remédio. Eu já vi muitas pessoas participarem de palestras e se levantarem e saírem. E tudo é importante para eles. Qualquer coisa que seja que um médico ou um enfermeiro esteja falando é importante para ele. São informações fundamentais para que eles possam fazer.


JU - Apesar disso as pessoas não estão se adaptando?


C.L. - Eu acho que isso é uma questão de tempo. As pessoas estão começando mais a ouvir. No começo do mês houve uma campanha sobre hanseníase. Houve uma palestra na Escola Calazans Freire com a doutora Tami e as três enfermeiras: Maria Stella, Keliane e Salizete. Elas fizeram uma campanha em todos os colégios, tanto na zona rural quanto na zona urbana.


JU – Como foi a campanha?


C.L - Mostramos para os pais e para os alunos, professores e outros funcionários, a importância de detectar precocemente manchas em seu corpo que possa ser hanseníase. A maioria pensa desse jeito: tem uma manchinha, vai logo para o doutor passar um remédio, mas na hora que um médico ou um enfermeiro chega para fazer uma educação em saúde, eles não querem ouvir. Então isso dificulta muito o trabalho da saúde, porque tem que se trabalhar com prevenção. Esse problema não é só em Upanema. Se for palestra muitos não gostam de ouvir. Por exemplo: quando a gente faz uma prevenção para gestantes, se a gente não prender ela ali com algum incentivo, muitas não querem participar.


JU - Qual o incentivo que a prefeitura dá?


C.L – A prefeitura está dando incentivo. Oferece brindes. Um exemplo foi agora na palestra sobre a dengue. Maria Stella me pediu um brinde para o PSF I.


JU – O que acontece se não houver incentivo?


C.L - Eu vejo assim: se não tiver incentivo, as pessoas não querem participar. Elas não sabem que uma informação é fundamental. Não sabem que no futuro pode ser pior. Como exemplo, o trabalho sobre a hanseníase que fizemos por último. Se aparece uma manchinha a pessoa não está nem aí. Ali pode ser um caso de hanseníase. Isso só por falta de informação. Eu vou dar um exemplo bem claro: no ano passado o município de Upanema teve um caso registrado de dengue. Esse ano, eu já vejo com outros olhos. A gente percebe que as pessoas já estão se interessando a ouvir o que tem a dizer as equipes, o rádio, e a televisão sobre determinados assuntos. Eu vejo que as pessoas em relação a dengue estão tendo mais interesse de se preocupar com o que está se pedindo pra se fazer. É tanto que as equipes de PSF’s I e II estão fazendo campanha e pelo número de doentes, e até agora, só houve um caso confirmado. As pessoas estão evitando mais, estão se inteirando e com medo porque os rádios e a televisão estão alertando toda população de modo geral. É preciso fazer o exame para saber se o paciente está com dengue.
JU – Existe caso de focos?


C.L – Sim. Está sendo maior em relação ao ano passado. O que eu estou fazendo? Estou mandando máquina fotográfica, tirando fotos dos locais, faço um anexo com essas fotos e mando para o secretário de obras, porque é a parte dele. Não só a saúde, pode se responsabilizar por tudo. A parte de obras, de aterros em lagoas onde tem focos então é da Secretaria de Obras. Mandei as fotos também para o prefeito para também acompanhasse nosso trabalho. Acredito que isso venha dar resultado. Volto a dizer que acho as pessoas mais conscientes e preocupadas com a dengue. Tive em reunião com os médicos e tenho ido à reuniões, e as pessoas de outros municípios estão apavoradas com dengue. No caso Baraúnas está estourado dengue. Areia Branca é da mesma forma. Mossoró também nem se fala. Alguns até riram e disseram: Upanema não diz nada? Não, o meu município está calmo, graças a Deus. Depois da reunião isso me incomodou. E me perguntei: será que estamos trabalhando corretamente? Então segunda-feira em reunião com os médicos, questionei com eles: gente pelo amor de Deus o que é que está havendo que a Secretaria de Saúde não está recebendo notificação? É porque não está existindo suspeita de dengue no município ou é porque não está sendo feita? E a resposta pelo ao menos dois que estavam na reunião, é porque não há dengue. Ela disse: eu não vou notificar uma coisa que eu sei que não é. Então o que tem surgido é a virose. Foi o que eles justificaram pra gente. Eu sei quais são os sintomas. Então se a pessoa chega com dor de cabeça, o nariz escorrendo, eu não vou fazer uma notificação dizendo que é dengue porque eu sei que não é.


J.U – Falando em Unidade Mista, é verdade que lá não existe remédio?


C.L - Não é uma questão de falta remédio, não é bem assim. Quando eu cheguei aqui no município em 2002, funcionava da seguinte maneira: a Unidade Mista tinha uma farmácia e fazia distribuição. E aquilo ali era um Deus nos acuda. Até em finais de semana, feriado tinha que ter uma pessoa para entregar remédio. E eu não tenho visto em canto nenhum, farmácia de posto de saúde aberta nos finais de semana. É muito difícil de trabalhar dessa forma. É por isso que vem o problema de dizer que não tem medicamento. Quando eu cheguei na Unidade Mista eu mudei. A Unidade Mista não tem medicamento pra ser distribuído. A Unidade Mista é referência. Lá tem um local que tem uma pessoa que é responsável pela medicação e repassa para os PSF’s. Cada PSF tem sua farmácia aberta durante a semana. Muitos podem até perguntar: mas o Posto funciona nos finais de semana? Funciona sim, mas só para urgência. As pessoas estão acostumadas de irem para Unidade Mista com doenças que não são de urgência.Há uma semana atrás eu fui a uma reunião juntamente com Conceição Medeiros e Dra. Tammy, que trabalha com a gente. A reunião era no Tarcisio Maia justamente pra isso, que as pessoas procuram as unidades de referência para parte de ambulatório. Se estou gripada, aí eu vou lá pra Unidade Mista. Não é para procurar a Unidade Mista, é pra procurar seu PSF, é pra se consultar ao médico do seu PSF, porque é ambulatório. Lá ele vai consultar e vai existir a medicação. Terá dia que não vai ter a medicação? Acontece, porque passa o mês e o remédio acaba. Novo pedido é feito para poder chegar. Então em relação à medicação, o problema que existe é esse. A maioria das pessoas vai pra Unidade Mista e querem que lá entregue remédio. Na Unidade Mista não existe farmácia. Os medicamentos vão para os PSF’s. Os medicamentos da Unidade Mista são para o uso do hospital. Como as pessoas estão acostumadas de fazerem a Unidade Mista de ambulatório, aí querem sair de lá com o remédio. O paciente tem que entender que, se ele vai para Unidade Mista se consultar como urgência, o medicamento vai ser injetável. Quantas vezes o paciente chega e diz: doutor eu não quero injeção: eu queria um remédio. O que falta passar também é dizer para o paciente que vai passar o medicamento. Agora quem vai se responsabilizar em comprar é ele. Isso não e só aqui em Upanema, é em qualquer lugar do mundo que você for, porque não tem uma farmácia 24 horas para atender. Só para concluir meu raciocínio. A reunião que tivemos no Tarcísio Maia, foi porque a direção do Tarcísio Maia mudou. A primeira informação que saiu no rádio e na televisão é que Upanema, Areia Branca, Baraúnas, Tibau, Grossos, eram os municípios que mais encaminhavam pacientes para Mossoró. Fomos convocadas para uma reunião, e levamos uma médica que dá plantão aqui, porque Dr. Erilço não pôde ir. Eu queria que ela fosse porque ele é quem fica aqui nos finais de semana. Fomos já sabendo que ia ser chamada a atenção pelo fato de mandarmos muitos pacientes para Mossoró. Muitas vezes até coisas que o pessoal vem para Unidade Mista no caso do PSF e vem para Urgência. Fomos surpreendidas porque em 2007 fomos os que mandamos mais pacientes para Mossoró e nesse ano foi anunciado diante de todos que nós mudamos assustadoramente nesses três meses de 2008.


J.U – A que se deve isso?


C.L – Mudança de profissionais.


J.U – Existe uma previsão para a chegada de um novo médico?


C.L – Existe. Olhe não é só Upanema que está com desfalque não. Mossoró está com seis equipes de PSF’s. Desfalcada porque não tem médico. Sabemos que eles não são efetivos. Então existe muito essa mudança, porque é quem der mais. Arranjei dois profissionais, mas justamente pela rotatividade financeira de quem dar mais, que eles vão para outros locais. Isso tem sido discutido muito nas reuniões, é o que causa mais problemas, mas ainda não foi resolvido e não depende só do município. Se existisse uma forma do Ministério determinar, fazer um concurso público, enquanto não resolver vai existir todo esse problema financeiro. Esse é o grande problema de médico. Mas está previsto para o dia 05 de maio, que é a Dr. Kaline e, está chegando para nos ajudar.


J.U – Qual a estrutura do município com relação aos médicos?


C.L – Hoje no município nós temos quatro equipes completas de PSF’s, médico e enfermeiro. Temos três equipes de saúde bucal, inclusive temos dois recém-chegados que chegaram a pouco tempo, que são dois profissionais, um dentista, Dr. Cortês e Dra. Tammy, que vieram nos ajudar na equipe do PSF II. Dra Tammy é uma médica que tem muita experiência na saúde pública, trabalhava no Rio de Janeiro, já trabalhou em nosso Estado, em Caraúbas que fez um belíssimo trabalho, e está tentando realizar o mesmo trabalho que ela realizava lá, aqui em Upanema e está muito empolgada. Na Secretaria de Saúde não tem psicóloga, porque a psicóloga do município está na Ação Social, ela passou um período afastada. Temos pediatra que vem duas vezes no mês. Temos cardiologista que vem de quinze e quinze dias, estamos realizando o eletrocardiograma, quem quiser realizar é só procurar seu PSF para ser encaminhado. Quem encaminha o paciente para cardiologista, pediatra é o médico do PSF. A pessoa tem que procurar seu PSF, o médico que é seu clínico, ele vai saber se há necessidades de ir para o cardiologista. Ele pode resolver muita coisa. A mesma coisa com o pediatra. Na primeira vez que o cardiologista veio, houve um tumulto muito grande. Para acabar o tumulto, pedimos para os pacientes comparecerem na Unidade Mista na quinta-feira para fazer seu eletrocardiograma, para que na sexta-feira já esteja pronto. O cardiologista faz o eletrocardiograma e dá laudos, que serve para quem vai fazer cirurgias. Quero conversar com cardiologista, para saber se é possível trazer o ecocardiograma para o município. O Ministério está vendo a possibilidade de mandar mais dinheiro para o município e a parte do cardiologista é: eletro que é feito no município, ecocardiograma e o teste ergométrico. Quero até conversar com ele para saber se é possível ele fazer o eco pelo município. Porque quando ele faz o eletro, ele já está solicitando o eco. Os aparelhos do eco são coisas menores e tem como ele trazer. O maior problema, é que Mossoró não tem como receber os nossos testes ergométricos. Eu fui à secretaria do município de Mossoró, para saber quais os procedimentos que ela está em condições de receber. Lá só vai receber catarata, ecocardiograma, que não me interessa levar para Mossoró, eletrocardiograma que já é nosso, ultra-sonografia que eu já estou tentando trazer para o município, estou tentando falar com um médico que faz, para ele vir fazer aqui no município. Nós não vamos deixar de fazer aquelas que já foram pactuadas em Mossoró, esta é uma cota extra, que estou tentando trazer para o município. Em Mossoró vai ficar: catarata, mamografia, consulta de mastologia, oftalmologia e oncologia. Ou trago para o município aquelas que têm condições ou vou tentar negociar com Natal. Foram selecionadas agora pelo Ministério da Saúde umas cirurgias. Catarata, laqueadura, hérnia, algumas cirurgias de braço. Como Mossoró só recebe catarata, vou tentar negociar em Natal as outras cirurgias. O problema é que os profissionais não querem trabalhar para os municípios porque nós trabalhamos pela tabela preço SUS, e o preço é muito baixo. A consulta pela tabela SUS é R$ 10,00, qual é o profissional que vai atender um paciente por R$ 10,00?


JU – Secretária, a quantidade de leitos que existem na Unidade Mista chega a ser suficiente?


C.L – Tem época que você sabe que a demanda está bem maior. Por exemplo, agora com essa gripe, os postos de saúde em todo canto são lotados. Quanto ao número de leitos da Unidade Mista, está dentro dos padrões da infra-estrutura atual.


JU – Secretária, a gente fez uma entrevista recentemente, com Elenílson Bezerra que é presidente da Associação dos diabéticos e hiper-tensos do estado do Ceará. Inclusive ele fez algumas críticas, que alguns pacientes estão sendo encaminhados para Fortaleza, e ele citou o nome da senhora. A senhora gostaria de citar alguma coisa?


C.L – Eu tinha prometido pra mim mesma, que eu não ia tocar nesse assunto. Porque primeiro eu não conheço esse senhor.


J.U – A senhora enviou algum “bilhetinho”?


C.L – Nunca. Eu jamais mandaria um bilhete para uma pessoa que eu não conheço, como é que eu vou mandar um bilhete para uma pessoa que eu não conheço? Eu não sei exatamente o que houve. Deve ter havido um mal entendido, não sei por parte de quem. Inclusive se eu não me engano, na nota do jornal, é que eu mandava o bilhete e que os médicos encaminhavam para ele. Eu conversei com os médicos e nenhum deles me informou que encaminhava nada pra ninguém. Eu quero que fique bem claro. Upanema não referencia para Fortaleza. Como é que nós podemos encaminhar pacientes para Fortaleza? As pessoas que vão para Fortaleza e procuram esse senhor, vão por conta própria, elas não passam pela secretaria de saúde. As pessoas às vezes procuram por amizade, acredito que seja. E pra dizer que não o conheço, vi esse senhor há uns dois meses atrás em Fortaleza. Não fui apresentada. Eu fico triste de ver como as pessoas falam da saúde de Upanema, isso me afeta de certa forma. Eu vejo profissionais encantados, trabalhando, fazendo campanhas, principalmente as enfermeiras, elas se doam muito. Muitas vezes as pessoas falam de uma coisa que primeiro não procuram tomar conhecimento. Existem dificuldades, problemas, ninguém é perfeito. Para isso que existe os índices, nós atingimos todas as metas, compactuamos alguns índices e quando chega ao final do ano e comparamos e sempre temos atingido, temos coisas que deixamos de atingir, mas isso só vem nos fortalecer pra nós melhorarmos. Para as pessoas procurarem a secretaria antes de criticar, para se inteirar nos assuntos. Como é que eu vou julgar uma coisa que eu não tenho conhecimento?


JU - Quanto as ambulâncias...A população não compreendeu a questão das ambulâncias. O município disponibiliza de três ambulâncias, e no momento que chega uma pessoa e pede para ir pegar um paciente, e só estamos com uma ambulância, ela não poderá sair da Unidade Mista porque se chegar um caso de urgência o que é que nós vamos fazer? Então a comunidade não entende. A ambulância é para urgência e não para consulta. A não ser que o paciente necessite de maca, aí sim, damos um jeito. Perguntam por que não se coloca um carro. Temos sim! Dois carros, Júnior e Ivan. Enquanto mais colocar carros, sempre vai precisar de mais, é uma coisa que não acaba. Eu só queria que as pessoas tivessem consciência. Ambulância é para urgência. Nos finais de semana as pessoas vão ao Posto procurar receitas controladas e saem de lá furiosas porque o médico não dá receitas controladas nos finais de semana. Porque receita controlada, a pessoa tem que ir durante a semana no seu PSF. Quanto aos medicamentos controlados, a entrega é aqui na secretaria, é pelo farmacêutico na segunda-feira. Então foi criado uma carteirinha para controlar essa medicação. A maioria dessas pessoas quando vem pegar o remédio não trazem a carteirinha. A carteira foi criada por questão de controle, aí a pessoa vem pegar o remédio e não traz a carteira. Quando a gente diz que não vai entregar porque não trouxe a carteira, aí saem esculhambando, sai chateado. A gente pede que as pessoas procurem os remédios na segunda-feira porque tem o farmacêutico, ele é quem faz a entrega dessa medicação. As pessoas deixam pra vir durante a semana. Quando é da zona rural, eu peço a menina que entregue, porque fica meio complicado. Existe uma demanda grande do controlado.


JU - Muitas pessoas reclamam de fossas abertas. A quem elas devem recorrer?


A questão de fossa aberta, escorrendo, sabemos que é um problema de saúde pública. A secretaria de saúde não está autorizada para dar ordens para esgotar fossas. A fossa está escorrendo, o que acontece, eu chamo a vigilância sanitária e eles vão averiguar. Envio um ofício para a secretaria de obras para saber se dar para ajeitar. Queria aqui pedir um espaço pra contar uma história que me emocionou hoje. Estávamos resolvendo o problema de um paciente que estava com problema mental, no ano passado. Marquei um dia e fomos com a Assistente Social, Gorete Sales, ao sítio Retiro. Era uma coisa que eu nunca tinha visto. Era uma coisa desumana, chiqueiro de porco, ele não tomava banho, ele comia no chão, ele deitava na lama, nós saímos de lá impressionadas. Conversei com os familiares dele, porque ele não deixava ninguém se aproximar. Eu disse: Gorete, consiga uma consulta com um psiquiatra, nem que eu leve a polícia, mas vamos consultar aquele homem. E nós conseguimos. A polícia foi. Ele queria fugir no mato, mas a gente conseguiu. Na segunda vez, levamos para um especialista, e foi internado imediatamente em Mossoró e ele passou três meses internado. Quando ele recebeu alta, eu estava em casa, foi num final de semana e Generina ligou pra mim dizendo que ele tinha tido alta e não tinha pra onde ir, porque estavam construindo um quartinho pra ele. Fui conversar com Jorge, ele liberou o material para ser terminado o quarto dele e a situação dele foi resolvida. E nunca mais eu tinha tido notícias desse jovem de no máximo uns 32 anos. A irmã dele vem todo mês pegar a medicação dele. Minha maior felicidade foi ela chegar e me dizer que ele até trabalhando está. Eu acho que antes de falarem da gente, eu gostaria que procurassem saber o que estamos fazendo e não criticar sem saber. A vigilância sanitária está trabalhando muito bem. As panificadoras de Upanema estão dentro das regras que exigimos. Todos os estabelecimentos comerciais foram cadastrados. Os dentistas vão começar um trabalho nas escolas, nós recebemos um kit do Ministério da Saúde que é a pasta e a escova, para trabalhar junto com os colégios. Dr. Ricardo vai trabalhar na zona urbana e Dr. Danilo coma zona rural.Então gente nós temos um trabalho, e acho que nossa falha é não está divulgando. Mas agora durante as terças-feiras, voltamos a fazer o programa na rádio, e eu determinei que durante um mês o programa seja só para o setor da dengue. Que aliás, queria aqui parabenizar os Agentes de Endemias pelo grande trabalho feito por eles.


J.U – Em 2007 e 2008, existiu algum caso de doença de chagas e dengue em Upanema?


C.L – Hoje temos 27 casos de Chagas. A maioria desse casos são na zona rural. Houve busca ativa nessas residências. Com relação a dengue, em 2007 nenhum caso de dengue e em 2008, temos um caso confirmado até a data da realização da matéria.


J.U – Mensagem final.


C.L – Gostaria de agradecer a todos e pedir desculpas pela falta de divulgação do trabalho, não só meu, como de todos os profissionais que fazem parte da saúde. Upanema hoje tem um bom conceito no que diz respeito de metas pactuadas e cumpridas. Quero agradecer ao Jornal pela oportunidade de esclarecimento e qualquer informação, podem me procurar, na minha ausência procurar Conceição Medeiros.


Fonte: Jornal de Upanema

Um comentário:

Anônimo disse...

A secretária falou que foi feito palestras nas escolas com professores, alunos, pais e funcionários, sobre hansensíase, pois digo que ela tá mal informada pq em uma escola do sítio, foi feito essa palestra só com professores.