Olá pessoal, eu sou Blenda Catarina, mas pode chamar de Catarina, neta
de Geraldo Messias, filha de Ceicinha e nessa entrevista eu vou contar um pouco
da minha experiência como aluna de intercâmbio.
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Blenda com a Estátua da Liberdade ao fundo |
Como conseguiu a bolsa para
ir estudar em Rochester, NY, nos Estados Unidos?
A minha bolsa de estudo faz parte do Ciências Sem Fronteiras, programa
do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) e do Ministério da Educação (MEC) e institucionalizado pela CAPES
e CNPq, que envia alunos para o exterior a fim de expandir o conhecimento e a
competitividade brasileira.
O processo de seleção é bastante simples, o aluno deve cursar um dos cursos
contemplados pelo programa, no meu caso Biotecnologia, obter certa nota no
teste de proficiência da língua do país escolhido (no meu caso, inglês), ter
uma certa porcentagem do curso concluída e ter passado no processo de seleção
interna da universidade – A UFERSA requer um índice de rendimento acadêmico
maior ou igual a 7,0.
Depois de ter contemplado todos os pré-requisitos pedidos pela CAPES, eu
só precisei mandar documentos, responder perguntas e escrever algumas redações
(em inglês) requeridas pelo IIE (Instituto de Educação Internacional), meu
responsável nos EUA, a fim de que eu pudesse ser alocada em uma universidade
americana parceira do programa. No meu caso, eu fui
estudar no Rochester Instituteof Technology (RIT, goTigers!)
Quanto tempo ficou em
Rochester e o que estudou lá?
Eu fiquei em Rochester durante aproximadamente um ano. No RIT, eu cursei
matérias relacionadas à Biotecnologia como também algumas fora da minha área, expandindo
meu conhecimento e saindo da monotonia de ter a mesma rotina de conteúdo. Nos
últimos três meses de minha estadia eu fiz estágio, chamado por lá de estágio
de verão, requerido para a minha estadia completa no país. Trabalhei em um laboratório
de Microbiologia e Sustentabilidade, na própria universidade, sob a supervisão
de Dr. Lodge em uma pesquisa voltada para microbiologia e biocombustíveis, duas
áreas que me interesso para atuar no futuro.
Onde você morava? Como era
seu custo de vida lá?
Eu morei no campus da universidade, mais precisamente no Baker D Hall,
um dos dormitórios da universidade. Enquanto moradora do Baker D conheci
pessoas maravilhosas que se tornaram amigos e completaram a minha “experiência americana”.
Eu recebia uma mensalidade trimestral da CAPES e era a minha única fonte de
renda, porém alimentação e moradia eram pagos diretamente à universidade, então
o meu dinheiro era gasto da forma que eu achasse melhor. Além da bolsa, outros
auxílios eram fornecidos dependendo do que a universidade podia prover ou não.
Como você resumiria sua
experiência nos Estados Unidos?
Minha experiência foi maravilhosa, vai demorar muito para algo superar
meu intercâmbio. Pude ser uma moça latino-americana num país de primeiro mundo
e ponderar como o Brasil é visto lá fora e ver nossa sociedade “pelo lado de
fora”. Além disso, fiz amigos de todas as regiões do nosso país, trocando
conhecimento e cultura – quebrando certos paradigmas e preconceitos sobre nossa
região. Enquanto observadora da sociedade americana, percebi como eles
respeitam o espaço pessoal de cada um e tentam ao máximo não questionar tanto
sobre a vida dos outros; vi que, apesar de não ser um país perfeito, amam sua
história e sua bandeira e como nós não somos assim; aprendi sobre mim, sobre
como temos que nos adaptar as situações sem perder quem somos. Meu intercâmbio
só fez aumentar minha vontade de viajar - que já existia, plantada em mim pela
minha tia Socorro Oliveira, e me fez querer ser parte da mudança do meu país,
que todos almejam, mas que nem todos trabalham para isso.
Suas expectativas sobre o
Tio Sam foram alcançadas?
Na minha bagagem levei as impressões que a gente vê nos filmes e
seriados e, no geral, foi bem parecido, mas não exatamente aquilo. As casas sem
muros, de madeira; as universidades e suas fraternidades e sororidades,
fraternidades para meninas, (não participei de nenhuma, mas sei que não é como
American Pie); o outono (minha estação favorita); a neve (enfrentei -33
Celsius); as festividades do Quatro de Julho – dia da Independência, mais
comemorado que Ano Novo -; o feriado de Ações de Graças; o respeito pelas
legislações e a lista continua. Porém o tio Sam ainda possui alguns problemas
na família – a corrupção existe, o racismo contra negros e latinos existe, a
pobreza existe e isso não é tão noticiado assim.
Você aproveitou a pouca
distância entre os estados para visitar alguns deles? Quais você visitou e o
que poderia destacar sobre cada um deles?
Apesar de não postar muito nas redes sociais, eu viajei bastante!
Aproveitei feriados prolongados, fins de semana e férias para fazer Turismo sem
Fronteiras já que Ciências eu fazia a semana inteira. Eu visitei Niagara Falls
(Cataratas do Niagara), NY; Lincoln, NE; Cidade de Nova Iorque, NY; Boston, MA;
Chicago, IL; Cape Cod, MA; Philadelphia, PA eWashington, D.C.
As Cataratas do Iguaçu são muito mais bonitas que as Cataratas do
Niagara; fui a Lincoln para visitar um grande amigo do ensino médio que estava
lá através do Ciências sem Fronteiras mas pude experimentar o amor pelo futebol
americano, comparável ao nosso amor pelo futebol e ver uma típica universidade
americana por dentro já que o RIT possui uma estrutura mais moderna; Nova
Iorque, apesar de possuir ratos no metrô e sacolas de lixo na rua, merece a
fama que possui. A cidade é apaixonante! A Times Square é de encher os olhos.
Táxis amarelos se fazem aos montes nos sinais e o vai e vem alucinante contagia
qualquer um. Boston é uma aula de história americana, recheada de referências à
festa do Chá, à independência americana e berço do meu time de basquete de
coração, o Celtics. Chicago é extremamente linda, com arte ao ar livre e museus
reconhecidos nacionalmente. Cape Cod foi uma viagem que fiz com meus amigos
americanos, assim como a de Boston, e foi minha despedida deles já que o ano
escolar havia acabado. Filadélfia possui mosaicos de vidro nos muros das casas
e é onde se encontra o Sino da Liberdade , onde está localizada a Declaração de
Independência do país, sua Constituiçãoe também a escadaria do Rocky (Balboa),
que eu subi. Por fim, visitei a capital dos Estados Unidos, Washington D.C. A
cidade é repleta de pontos turísticos relacionados à história americana como
memoriais de guerra, memorial do Martin Luther King, memoriais a presidentes –
e todos de graça!
Todas as fotos das minhas viagens estão na minha conta Flickr: Catarina
Oliveira
O que você achou dessa
experiência e o que ela contribuiu na sua formação pessoal e profissional?
Meu intercâmbio contribuiu para meu ganho de independência pessoal e me
ajudou a fazer planos para o futuro, mesmo sendo o futuro incerto. Sou uma
profissional melhor já que possuo conhecimentos extras em áreas que meu curso
aqui não aborda e no meu currículo já existe uma experiência, o que ajuda na
hora de concorrer a vagas de trabalho. Por ter entrado em contato com
brasileiros de outras regiões, pude compreender a dinâmica do nosso país e
aumentar meu vocabulário de gírias e sotaques como também o amor pelo Nordeste.
A lição principal que eu tirei disso tudo foi sobre como nos acostumamos a
pensar na nossa sociedade como a única forma de organização existente e isso
nos faz sermos bitolados e egoístas. Existem outros cenários, situações,
pensamentos que não temos noção de como seja e não podemos rotulá-los de acordo
com o nosso pequeno saber.
Mensagem final.
Gostaria de agradecer ao Jornal de Upanema pela oportunidade de contar
um pouco sobre minhas andanças e agradecer a Deus por ter me abençoado da forma
que Ele me abençoou para eu ter chegado onde eu cheguei. Aos que me leem,
independente da idade de vocês, eu digo que nunca parem de sonhar, planejar,
estudar e de correr atrás das oportunidades. E quando a tão sonhada
oportunidade chegar (seja você correndo atrás ou simplesmente batendo em sua
porta) agarre-a e a faça sua. Aproveite todos os momentos porque não há nada
mais triste que olhar para trás e sentir que você poderia ter feito mais. No
final do dia, só restam às lembranças... Façam com que sejam as melhores
possíveis.
Entrevista produzida por Walker Leal